terça-feira, abril 18, 2006

A margem errada do rio

A vida surpreende-nos quando menos esperamos. E quando pensamos que já vimos tudo, aí está ela a pregar-nos outra partida.

Apesar de ter crescido e ter vivido grandes momentos na minha terra natal (prefiro o equivalente inglês hometown), tirando a família e alguns grandes amigos, não tenho ligação alguma com o Barreiro. E quando viajo e me perguntam de onde sou, e do que sinto saudades quando estou fora muito tempo é sem dúvida da bela Lisboa.

O que causou tudo isto? Foi a ida para a faculdade, as horas nos transportes, o convívio no barco, as esperas de 50 minutos na estação quando perdia o barco das 13.20 e tinha de esperar pelo das 14.10, isto e muito mais foi a razão da minha ruptura com o Barreiro. Poderia no entanto condensar toda a culpa numa única palavra: TEJO.

Acredito que muitos barreirenses já pensaram pelo menos uma vez como seria se o Tejo secasse? Nem que seja quando perdem o barco de manhã debaixo de chuva ao correrem como loucos empurrando-se dos autocarros embaciados.

Como as hipóteses de abrir uma empresa concorrente à Soflusa ou abrir rotas de lanchas-taxi individuais não são possíveis ou de difícil implementação, eu sugiro que se culpe e se chame nomes a esse gajo, o TEJO.

E foi assim que me vi na margem errada do rio. Trabalho, namorada, amigos, saídas, tudo do outro lado, foi uma questão de tempo e dinheiro até ter mudado para Lisboa. O que aconteceu em 2001.

Agora o engraçado é que passado 5 anos de me ter mudado para Lisboa, em Janeiro do corrente, vi-me confrontado com a mesma situação, com o mesmo culpado, o TEJO!

Ora sendo o meu local de trabalho Almeirim (margem sul do Tejo) era natural que fosse nessa margem que ia viver, mas não! Ao fim de procurar casas para alugar e nada ter encontrado fui parar a Santarém (margem norte do Tejo). E lá está ele, todos os dias a caminho do trabalho o atravesso, agora de carro, de Santarém para Almeirim, sempre o mesmo culpado o TEJO.

Felizmente trânsito nas pontes é algo que não existe aqui e a largura do rio é substancialmente mais pequena. 15 Minutinhos é quanto demoro agora para sair da margem errada e ir trabalhar… mas demoro 1 hora para chegar à minha bela Lisboa…

quarta-feira, abril 12, 2006

Ano Novo - Nowy Roku


Já aqui escrevi sobre passagens de ano. Para alguns é apenas mais uma data, para outros e para mim é das melhores festas do ano. Esta data faz-me realmente pensar, reflectir sobre o que foi, o que é e o que será. Verdade que sempre levo a cerimónia das 12 passas muito a sério. Há sempre o perigo de criar demasiadas expectativas sobre a festa e sair decepcionado por estar à espera duma festa de arromba e afinal…

Eu corro esse risco! Faço sempre grandes expectativas e nos últimos anos não me tenho desiludido! Houveram 2 passagens de ano que jamais esquecerei. A do milénio 1999-2000 porque foi em Madrid com os meus amigos do Barreiro e por todas a mística que teve com a passagem do milénio. A de 2004-2005 que vou contar agora.

2004 e 2005 foi “A” passagem de ano. Foi um momento da minha vida em que se decidiu muita coisa. Onde tudo mudou… Estava eu em pleno semestre Erasmus na Polónia, Cracóvia, último ano da faculdade, já a saber que vinha estagiar para a Compal, a semanas de acabar com uma relação amorosa que durou quase 3 anos, enfim, um ponto de viragem.

Os meus amigos Pedro e Rui estavam de visita e vieram passar os últimos dias de 2004 comigo. Foi óptimo ao fim de 6 meses ter alguém com quem falar português novamente. Ao fim dum jantar muito bem preparado, mas com pouco ambiente festivo decidimos escapulirmo-nos e ir-nos juntar a outro grupo de amigos meus polacos.

Deviam estar mais de 100.000 pessoas na praça Rynek Glowny. Muito frio, mas ambiente muito quente. E foi assim que se passou 2004. Grande fogo de artifício. Cantando, rindo, saltando, ouvindo um concerto dos Milowicz, falando com desconhecidos, espalhando o amor! J Nowy roku! Nowy roku!


Engraçado foi nessa noite nos termos transformado em verdadeiros fura festas! Saltámos de festa em festa a espalhar a fé lusitana em troca apenas de uns copos de wotka e de uns amassos.


Saídos da praça entramos num táxi e rumo a festa na casa do meu amigo Jarek. Um pé de dança, um copo, e devido à interacção entre Rui e a namorada de Jarek, tivemos de sair de mansinho. Esta está feita. Novo táxi, nova viagem, sem antes fazermos amizade com 2 raparigas que já regressavam a casa.

“Epá ouvi falar numa festa de uns erasmus alemães na ulica miodowa!” – “Bora lá ver!” Chegamos tarde, alguns discutem, outros namoram, mas a festa já está a morrer… Procuro por caras conhecidas e encontro algumas. Uns dedos de conversa, que com a quantidade de álcool nas veias tornam-se em verdadeiros discursos poéticos, e partimos para outra…

Saudades desse ritmo…

O melhor de tudo é que nas noites seguintes foi mais do mesmo. Dizem que se o novo ano corre bem ou mal depende da forma como festejamos no dia 31 de Dezembro. Entrei no ano de 2005 a festejar, mas foi trabalhar sem parar desde Fevereiro, altura em que regressei a Portugal.

sexta-feira, abril 07, 2006

Missão Leste Profundo II- o regresso dos agentes


O assunto "core" deste blog seria as viagens que fiz, no entanto já ando a planear a próxima pelo que deixo aqui aos interessados uns pózinhos de como vai ser. Os agentes estão de volta... será a última vez??

Avião e comboio são os meios utilizados. 3 semanas. Poupar em refeições, poupar nas dormidas, gastar em cultura e noites sem restrições. Sigam a rota do mapa...

Agente Lice e agente Puah! O céu é o limite!

Provem!!

quarta-feira, abril 05, 2006

Visita "Flash" a Budapeste



Que melhor maneira de sair de 2005 do que ir 3 dias para a neve e o frio na companhia dos melhores amigos?? Cheguei a Budapeste a 30 de Dezembro e regressei no primeiro de Janeiro às 6 da manhã ainda sob efeito do votka. Maluco?? Um bocado... mas adorei! Obrigado Iveta! Obrigado Zsuzsa!

Reparem no brilho nos olhos do rapaz na foto! O votka... só mesmo um elixir desses para andar na rua com milhares de hungaros a dançar à neve e com 5 graus negativos!

Mas não tenham pena deles! Estes húngaros sabem divertir-se! 6 palcos com Djs espalhados pela cidade e um palco grande em frente ao parlamento com os equivalentes hungaros dos D'zrt. Imaginem a cara das minhas amigas quando tiro do bolso as passas à meia noite para os desejos! "O que estás a fazer?" Em vez de passas de uvas os hungaros andam com filas de salsichas ao pescoço ou em sacos para cozerem depois da meia noite: "Passas de uva?? Isso é para meninos! Toma mas é uma salsicha para puxar pela pinga!"



Factos aleatórios sobre Budapeste e Hungria:

  • O rio Danubio divide a cidade ao meio. Numa margem Buda, na outra Peste. Numa é bares, discos, comércio e lazer; na outra industrias, bancos, e so on.
  • A cidade tem inúmeras fontes de águas termais onde os habitantes e turistas se deliciam em banhos turcos, saunas, tratamentos, piscinas de água com iodo com tabuleiros de xadrez a boiar para jogar enquanto se trata a pele. Tudo isto em vários resorts termais para todos os tipos de carteiras.
  • Existem umas cinco estações de comboio com nomes muito idênticos. Em muitas das viagens em que fiz escala e tive de mudar de estação foi um quebra cabeças descobrir qual devia ir.
  • No Macdonalds do centro, existe um temporizador no balcão. Após o cliente ter pedido o seu menu, o restaurante tem 5 minutos para servir o cliente. Se o tempo se esgotar o pedido fica grátis! Era vê-los a correr que nem loucos...
  • Língua húngara; não se parece com nada com as dos paises vizinhos. Uma das mais complexas da UE.

Episódio num verão distante ao entrar numa raveparty em plena Budapeste:

(Porteiro) Boa noite!

(Filipe) Boa noite!

(Porteiro) Quantos são?

(Filipe) Somos nós os 4.

(Porteiro) Os senhores trazem armas brancas ou de fogo com vocês?

(Filipe olhando para amigos com ar incrédulo e surpreso)

(Resposta em coro) Não.

(Porteiro) Então podem entrar. Se faz favor...

"Gostei especialmente da prova de confiança que o porteiro depositou em nós"