quarta-feira, março 21, 2007

"Quase Primavera"

Queixar! Queixar faz parte da condição humana, da nossa constante insatisfação por mais positiva que seja a situação.

O caminho fácil é pensar que há sempre algo ou alguém que está pior que nós… Pois para quem tem uma vida óptima, mas insiste em queixar-se do fantástico clima português, aconselho a visualização deste vídeo.

Enquanto a primavera não chega, enquanto as temperaturas não sobem, enquanto as constipações não desaparecem, vejam como podia ser bastante pior…



Filmado em Amesterdão, Segunda-feira, 19 de Março de 2007.

Regresso de Férias

Sejam férias de 3 dias, sejam de um mês, o choque de voltar ao trabalho é inevitável. Custa concentrar, o corpo queixa-se ao voltar às rotinas das refeições ou aos longos períodos sem comer nada.

Foram curtas, mas deu para descansar; mentalmente pelo menos. Ao regressar à rotina diária, regressa-se com mais clareza, faz-se uma introspecção à vida, foca-se no que é o essencial, elimina-se o que era supérfluo.

Foi óptimo voltar a ver amizades antigas! Sim! Sim vale a pena investir em amizades entre pessoas de outros países! Apenas se consegue manter contacto com uma percentagem muito pequena devido à distância, mas esse pequeno número compensa por tudo!

Volto com o coração e a mente cheios de pensamentos positivos. Cito aqui frases ditas ou escritas pelos que me amo e que me amam:

“It was great seeing you! We both send you hugs! Keep in touch…”

“Acredita em ti! Tu consegues! Tu tens o que eles querem!”

“Tenho pensado muito em ti!... Quando voltas?!”

“…é bom ver-te animado! Vá lá, uma sms! Jocas”

E ainda a frase considerada a mais chocante / engraçada da estadia em Amesterdão:

“Since i don’t want to jump from the window, i don’t have too many options, i’ll be here!”

terça-feira, março 13, 2007

Quando as viagens correm "mal" - Parte II

Polónia – 2004

Em pleno semestre como estudante erasmus em Cracóvia, Polónia, queria aproveitar um fim de semana grande em Novembro para uma viagem ao noroeste do país.

Nota histórica ___________________________________

Entre 1918, fim da primeira grande guerra, e 1939, início da segunda, foi o curto período em que a Polónia foi independente como país, depois de vários séculos de ocupação dos vários vizinhos (Alemães, Russos, Suecos, Turcos, e a lista não termina).

11 de Novembro de 1918 comemora-se o dia em que a Polónia voltou a aparecer no mapa como país independente após vários séculos de luta pelo território perdido.
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Fiquei eu o responsável por organizar a excursão, mobilizar pessoas, ver horários, arranjar alojamento. Com experiência em organizar excursões para os Erasmus em Lisboa, EIN , aprendi que ao princípio ninguém se inscreve à espera de ver se há muitos inscritos, em cima da data é tudo a mostrar interesse, quando é tarde para reservar o quer que seja. E assim foi, acabei por ir apenas com 2 amigos italianos que viviam comigo. Andreas e António:

O grupo maior apareceu um dia depois, mas como não reservaram alojamento, tiveram de voltar mais cedo.


O plano era Wroclaw e Poznan, de onde são a maioria dos meus amigos polacos que estudaram em Lisboa. Para quem se interessa pela geografia da viagem aqui vai, click no mapa para visão maximizada:



Para mais informações turísticas, e não só, sobre a Polónia visitem o site:

http://poland.gov.pl/



Realmente houve inúmeros pequenos detalhes, que fizeram com que a visita a 2 interessantes cidades fora dos destinos “típicos” de turismo corresse mal. Para além do turismo em Novembro está fora de época, o nevoeiro constante e a dificuldade em arranjar alojamento e transporte, devido aos feriados, deitaram por terra a flexibilidade da viagem. É preciso ter espírito aventureiro para viajar na Polónia para além das muito visitadas Kraków e Warsaw.

Parecia que conhecíamos apenas as pessoas antipáticas do país, ao perguntar informações, ao comprar bilhetes, muito difícil a comunicação. Aliás turismo em grande parte da Polónia é algo ainda muito recente e é frequente encontrar pessoas intolerantes ou impacientes para com as perguntas e duvidas dos turistas, que insistem em falar inglês.

Bom, não há-de ser muito diferente para turistas no nosso país numa viagem a Castelo Branco ou a Bragança durante o mês de Novembro.

Apesar disso, o espírito do grupo estava em alta e, como se verifica na foto, divertimo-nos muito! A parada militar alusiva ao dia da independência a que assistimos assim que chegámos a Wroclaw foi incrível!

Para além das tropas também desfilaram escolas com as crianças mascaradas com figuras conhecidas da história polaca.

Engraçado que as crianças ao desfilarem e notarem na presença dos 3 turistas gritavam:

“Wlochski! Wlochski!” que significa “italianinhos”.

Qualquer cidade da Europa de leste se orgulha da sua praça central (rynek glowny), por isso é comum os edifícios das câmaras municipais serem sempre pontos de interesse e terem as mais variadas formas e cores.

Rynek Glowny em Wroclaw:



Os graus negativos e o nevoeiro marcaram a rapidez, mas no entanto, a atmosfera mágica da visita à cidade, tornando incríveis as fotos à fachada do antigo edifício universitário:

Tivemos uma noitada de Sábado na noite estudantil de Wroclaw de arromba, que agravou o meu estado de saúde, quem corre por gosto não cansa. Mas sofre… Só já em Poznan é que a febre apertou.

Ficámos logo à chegada com a nossa estadia mais curta, porque só se arranjou alojamento para uma noite.

Eu aproveitei o dia para visitar amigos e como já conhecia a cidade, só na manhã seguinte me juntei aos italianos para dar uma volta pelo centro.

Na minha opinião, a praça central de Poznan é das mais bonitas de todas as cidades polacas. As casas estreitas rigorosamente alinhadas, pintadas com cores fortes, levam-nos para séculos passados. O edifício estatal (Ratusz) no centro tem mais ar de catedral do que outra coisa. Ao olhar a foto seguinte parece que centenas de pessoas olham admiradas para um WC público.



Mas não, nada tem de curioso. O momento mais turístico na praça central de Poznan, é o tocar do meio-dia no relógio do Ratusz, que faz com que 2 cabras saiam, género cucos, e choquem com os cornos 12 vezes. É por isso que todos os turistas aguardavam…




UUUAAAUUUU… Impressive… Fantasticzny!




Para turistas sem um bom livro guia ou sem a preparação prévia, os postos de informação turística são como oásis num deserto de incertezas, duvidas e ansiedades. Pois a gota de água no fim de semana difícil, foi o encerramento do posto de turismo de Poznan aos fins de semana. Realmente quem é que anda a passear aos fins de semana?

O rolo que vêm no trinco da porta é uma reclamação “forte em calão inglês” que algum turista revoltado antes de nós deixou às autoridades.

E volto a pensar para os meus botões: “Não te queixes! O ponto de informação da Rua Augusta em Lisboa fecha 2 às vezes 3 horas para almoço e está encerrado aos domingos”…

Posto isto só restava voltar a Kraków numa viagem de 4 horas num comboio cheio com o aquecimento avariado, com muita febre e a pensar: “Nos próximos fins de semana fico em casa a estudar para os exames”. É mais fácil…

Reforço novamente que apesar de haver bons e “menos bons” momentos em todas as viagens, são estes últimos que no ficam gravados com mais força na memória. São os sarilhos e as dificuldades sentidas que dão histórias engraçadas para contar mais tarde.

sexta-feira, março 09, 2007

Quando as viagens correm "mal"

Facto:

As memórias que guardamos das viagens que fazemos são, grande parte, associadas a algo que correu mal!

Porquê?

Ter um plano para cada viagem é normal, mas este existe para ser mudado e ajustado. Ora são estas mudanças, estes erros ou desvios ao plano inicial que tornam as viagens inesquecíveis. A aldeia que não se esperava visitar, mas que acabou por ser mais interessante e impressionante que a cidade de que todos os guias falavam por exemplo. Viajar acaba por ser isso mesmo, um saltar para um desconhecido cheio de vontade e sede de aventuras.
Cito aqui uma frase do livro "The Beach" que deu origem ao filme com o mesmo nome, cliquem:

"search for experience, the quest for something different"

Todas as minhas peregrinações têm histórias destas, mas passo a descrever 2 dessas aventuras que me marcaram e que servem de exemplo.

Itália, Verão 2001.

Oh, mas que viagem cheia de surpresas. Apesar de uma viagem bem planeada, com estadia e bilhetes já tudo comprado, lá ocorreram imprevistos surpreendentes. Com o Tiago e o David, visitámos Roma, Florença, Nápoles com uma breve passagem pela ilha de Capri em 15 dias.

Enquanto programávamos a nossa viagem, uma desconhecida ao saber que íamos para Roma em Agosto, ficou chocada devido ao calor que sabia que íamos passar e o seguinte diálogo teve lugar algures no Saldanha:

Desconhecida – Vão para Roma?!?! (olhos esbugalhados, tom de voz demasiado alto)
David – Sim, vamos! 4 dias!
Desconhecida – Vão mesmo para Roma em Agosto?!?!
David, Tiago e eu – Sim. (olhando uns para os outros cor ar desconfiado)
Desconhecida – VÃO ARDER EM ROMA!!!! UAHHAHHAHAHH…(olhos raiados de vermelho, mãos no ar, voz alterada e uma gargalhada daquelas típicas de qualquer demónio num filme de terror).

Dito e feito!

Ou bruxa, ou psicopata ou simplesmente uma viajante experiente, foi o que aconteceu. Apanhámos cá uma onda de calor na viagem que senão ardemos, pelo menos derretemos pelos kms que caminhámos. Lembrámo-nos da senhora durante toda a viagem…

De todos os clichés turísticos típicos, apenas fiquei impressionado e ainda guardo memória do Coliseu Romano e da cúpula da Capela Du Duomo em Florença, que tem um fresco impressionante com imagens do promontório.

Mas agora regressando aos momentos inesquecíveis, aos momentos sal e pimenta dos passeios:

Sem esperarmos, passámos um dia bestial num lago enorme rodeado de montanhas a 40km a norte de Roma. Não estava planeado, mas o convite de duas amigas holandesas veio a calhar, escapar à rotina: ruínas romanas, pizzas e vinho e galerias com kms de quadros com “Madonna con Bambino” ou de Jesus crucificado.

O Tiago e o David juntos são autênticas estrelas musicais do improviso e do stand up comedy. Recordo um karaoke no Porto e um fim de tarde com fados gaúchos improvisados pelo David e acompanhados na viola pelo Tiago. Veja você mesmo este VIDEOCLIP mudo… em breve no TOP de vendas.



Numa noite ao regressar à pousada de Roma, tivemos de dar uma corrida para apanhar o último autocarro. E porque dar a volta à Praça circular de Sº Pedro, quando bastava saltar uma pequena cerca de madeira e atravessar a praça em linha recta? Ao atravessarmos esse local sagrado notámos o olhar incrédulo dos que passavam do outro lado da cerca, a pressa era muito para parar e voltar atrás. Eis que se acendem umas luzes de um carro à nossa esquerda! Luzes essas que se foram aproximando até pararem à nossa frente a bloquear a nossa desenfreada corrida. Após falar algo em italiano, lá o agente da polícia disse em inglês:

Carabinieri – Where are you going? You jump the fence?
Nós – We have hurry to catch bus. We didn’t jump, it was open!
Carabinieri – Do you know is against the law crossing Saint’s Peter Square?
We – No!... Longo silêncio… (Segundos que parecem horas)
Carabinieri – Ah! Follow car!

Os curiosos amontoavam-se fora da cerca para ver quem foram os espertinhos que desafiaram as autoridades e entraram no protegido solo do Vaticano. Alguns abanavam a cabeça, outros fizeram comentários em italiano que não entendemos. E lá fomos nós até às cercas que limitam a praça com o carro da polícia atrás de nós com os faróis ligados a “guiar-nos o caminho” e a abrir-nos as cercas…

Humilhante? Divertido? Ridículo?

Pouco importa… apanhámos o autocarro!


O melhor para o final. Comboio a chegar a Florença. Vimos uma placa a dizer “Firenze” e: “É aqui! É aqui! Saiam saiam!”

Os 3 fora do comboio e reparamos que estamos enganados. Era um estaleiro de conserto de carruagens. O comboio volta a partir para a correcta estação principal e todos os outros viajantes a olharem das janelas para nós com cara de espanto.

Agora imagine-se o que poderá ter sentido ou pensado um trabalhador com a imagem de 3 putos com as malas às costas numa linha de comboio a virem do nada com um calor de abrasante de meio da tarde… Um lá decidiu vir ter connosco e encaminhou-nos para a saída do estaleiro sem antes nos “mostrar” a todos os outros trabalhadores e gozarem um bom bocado.

Antes de chegar à pousada quase noite ainda tivemos de atravessar uma auto-estrada a correr, caminhar uns kms, sair na paragem errada do autocarro e caminhar ainda mais um bocado.


Mensagem pessoal para os companheiros desta viagem: Muito se pode fazer com fronhas e lençóis de uma pousada…

“Cuidado com os mosquitos Tiago!” “Nah… vou deixar a janela aberta, tá calor…”
Alguns anos passaram, mas são destes momentos que nunca se esquecem e que dão tema a conversas de café cheias de gargalhadas.

quarta-feira, março 07, 2007

Entrudo esteve no Bairro


Apesar do Carnaval celebrar o Entrudo, que é suposto expulsar os maus espíritos do Inverno, com o tempo que tem feito ainda suspiro por dias mais quentes e secos que os que têm feito. E quanto ao mês corrente, fica aqui o provérbio:

Março Marçagão, manhã de Inverno tarde de verão

Tempo perfeito para levar muita roupa e suar no trabalho, ou levar o casaco novo, mais fresco, acabado de comprar e apanhar uma constipação ao regressar à noite a casa. Chiça! Já estou a escrever demasiado sobre o clima… voltando ao Carnaval…

Quando era criança adorava esta época, estive uns anos sem gostar, mas nos últimos anos, surpreendentemente, voltei a gostar de celebrar.

Este ano foi no bairro alto. Não houve bailarico, nem comboios ao som da música pimba, mas o ambiente do Velvet, estava fantástico. Alguns frescos do Carnaval deste ano (clickem nas fotos para ver maior):




Apresento-vos Filipe Sinatra, detective privado e cantor amador de chuveiro:








Realmente as mulheres estavam loucas pela personagem:






Agora uma foto nunca antes tentada, nunca antes vista do grupo de foliões:




Velvet no Bairro Alto: