quarta-feira, abril 25, 2007

Jovem de coração

Conselho para hoje… e para todos os dias.

Sejam um pouco crianças!

Façam palhaçadas de tempos a tempos, façam coisas que vos pareçam “imaturas”, percam um pouco o controlo e sejam crianças de vez em quando!

Como diz o meu amigo Frank Sinatra na canção Young at Heart:

Fairy tails can come true
They can happen to you
If you’re young at heart

You can go to extremes
And impossible skims
You can laugh when your dreams
Fall apart in the scene

And life gets more exciting in each passing day
And love is in your heart or on its way

Don’t you know?
That it worth’s every treasure on earth
To be young at heart



Cito alguém da televisão portuguesa: “No momento em que a criança em nós desaparece totalmente, deixa-se de sonhar e passamos a ser muito aborrecidos. Chatos!”

A peça seguinte foi filmada por amigos meus durante umas férias a Barcelona num verão não muito longínquo.



“Já foram crianças hoje?”

sexta-feira, abril 20, 2007

Uma casa peculiar

A partir dos meus 19 anos, por opção, comecei a viver fora de casa dos meus pais. Desde então já vivi em perto de uma dezena de casas diferentes, sozinho ou acompanhado, com amizades ou namoros e em países diferentes. No entanto nenhuma me marcou tanto como a minha casa durante os meus estudos em Cracóvia, Polónia.

Foi na Ulica Lubicz nº34. A 5 minutos a pé da universidade e a 10 do centro da cidade foi de fácil escolha. A equipa com que a partilhei:

Nicolas! O mais novo, mas o maior da casa. Jovem francês a estudar para gestor, mas com aspirações a escritor e poeta. Tímido e introvertido, com um carácter muito peculiar e gostos algo “raros” para a sua idade, é assim que me lembro dele, no seu quarto sentado a ler literatura francesa. Era o líder da casa no que toca a limpezas e a distribuir tarefas. Um verdadeiro Napoleão em ascensão!
Andreas! Que personagem! É um exemplo de como uma primeira má impressão pode ser esquecida e tornar-se numa grande amizade. Muito longe dos estereótipos italianos, o Andreas é um excêntrico! Oriundo de Veneza, cedo foi apanhado pelo vírus “polaco” e hoje trabalha e vive em Kraków. Um óptimo cozinheiro! O verdadeiro party animal! Um coração de ouro! Uma óptima pessoa!

António! Calmo e ponderado, este italiano do sul da bota é uma pessoa de carácter e valores muito fortes. Não é pessoa que se abra facilmente com os outros, por isso nunca tivemos uma relação muito próxima.

Eu! Sendo o mais velho e falando mais polaco que os restantes, auto elegi-me o contacto directo com o senhorio. Um médico polaco que mudou de consultório e transformou o antigo numa casa para alugar a estudantes.

A nossa casa era qualquer coisa espectacular! Um corredor enorme a ocupar maior parte da casa e várias divisões pequenas a servirem de quartos, WC, cozinha, sala de secagem, etc.

Poucos têm a possibilidade de dizer que viveram num museu. Dentro de casa, tínhamos uma porta à qual nunca tivemos acesso que foi um museu. E ainda tendo como vizinhos um escritório notário.

A experiência de viver com pessoas de origens diferentes é tumultuosa, confusa, divertida, enriquecedora, resumindo, fantástica!

Uma foto tirada em Agosto e a outra tirada em Dezembro da janela do meu quarto. Nunca conheci o dono da vespa e nunca vi ninguém a subir estas escadas…

Momentos marcantes foram muitos, altos e baixos, conto aqui alguns deles.

Apesar de um Inverno “quente” (temperaturas não desceram abaixo dos 12ºC negativos), 48 horas passaram para que viessem consertar a água quente, aquecimento da casa e luz eléctrica. Aquele longo corredor com luz de velas é inesquecível… A zanga com o senhorio, as queixas à agência imobiliária…

Como a água canalizada na Polónia em geral não é aconselhável para beber, e como nós não bebíamos chá a todas as horas como os polacos, era normal termos montes de garrafões de água mineral vazios pela casa. Ao chegar o Natal, o Andreas, artista, decidiu fazer uma árvore de Natal com os garrafões. Em baixo uma foto da elaboração da árvore e outra da obra já finalizada. Original! Reparem nos pacotinhos de chá a decorarem! Priceless!


Foi um Natal diferente, mas pelo menos incluiu bacalhau que os meus pais me enviaram por correu. Mas também incluiu uma Lasagna caseira, realmente italiana. Sim, esqueçam as que se compram congeladas, nada a ver! Estava óptima Andreas! E ainda uma Tart Flambé, feita pelo Nicolas com ajuda telefónica da sua avó. Bom, não estava uma especialidade, mas a elaboração valeu valentes risadas! Quanto ao bacalhau cozido, todos fizeram caretas quando viram e cheiraram as postas, mas no final todos gostaram.

Ainda tivemos a visita inesperada de crianças a cantarem-nos músicas de Natal em troca de doces. E um passeio nocturno até à catedral no castelo Wawel para a missa do galo. Realmente com neve o Natal tem outro “sabor”…

Houve um jantar que recordo por ser o último que fizemos antes da festa de despedida. A troco de emprestarmos a nossa máquina de lavar à Zsuzsa, tivemos direito a um Gulash húngaro de chorar por mais. A foto que registou o momento:


A festa de despedida foi algo “Bombástico”! Cada quarto foi decorado de forma diferente. Um todo azul, outro vermelho e outro amarelo. Música diferente em cada um deles. Cerca de 100 pessoas, convidados ou não, muita votka, muita cerveja, foi assim:

Este foi o folheto/convite da festa enviado aos convidados...
Foi assim...

sexta-feira, abril 13, 2007

Tabletas, Sinais, Posters


Como muitas pessoas também eu, depois de ler o livro O Perfume, passei a dar mais importância aos cheiros. Assim como depois de ler o Código de Da Vinci também passei a dar mais atenção aos sinais à minha volta e ao seu significado.

Ao “navegar” pelos meus álbuns de fotos, encontrei algumas, de tabletas, sinais de trânsito, posters, que por serem curiosos, enigmáticos, diferentes ou divertidos, merecem que os partilhe:


Claro! Começo com o meu adorado Rio Tejo que tantas vezes já referi aqui. A foto acima foi tirada no verão passado em Espanha ao atravessar o rio e entrar em Toledo.

Na direita uma foto tirada em Amesterdão, com um sinal curioso a indicar as bicicletas para um lado e os peões para outro. Mas como se vê na foto... o uso dos sinais é uma coisa, o cumprimento da mensagem que transmitem já é outra.



"Oficina de motorizadas"??? Não me lembro de ter aprendido este sinal nas aulas de código! Mais uma perfeita para rubricas de "Portugal Profundo"


À direita, tráfico na costa alentejana em época alta... Não pelas tabletas, mais pela confusão de carros...



As zonas junto às praias são muitas vezes negligenciadas e carecem de infraestruturas como chuveiros publicos e passadeiras de acesso. O estado da sinalética ao longo da nossa costa, à excepção de alguns casos como Espinho, é de grande degradação.


Na esquerda, uma tableta de madeira a indicar a zona de banhos (zambujeira), util, muito util. Na direita placa em metal perto da ponta da piedade, Lagos, a publicitar o passeio às grutas em vários idiomas (em inglês grutas serão gruttus?).



Há 2 anos quando o Benfica foi campeão, a poucas jornadas do fim e sobre o tema sempre polémico das arbitragens , tirei esta foto a um poster gigante que um morador do Bairro Alto colocou na fachada da sua casa. Ilariante!

Na foto da direita, algo comum na Irlanda, mas que para mim foi divertidissimo e muito util. Estamos tão habituados aos carros com o condutor do lado esquerdo que olhamos sempre para o lado esquerdo ao atravessar a rua, só depois para o direito. No Reino Unido estas placas ajudam os turistas a não esquecerem-se que é ao contrário.

Para quem foi a Praga talvez reconheça esta foto. No entanto não é facil de encontrar esta rua numa primeira visita.
Trata-se de um beco para acesso a uma praceta com alguns restaurantes, que por ser tão estreito, colocaram um semáforo para peões para não ocorrerem "choques frontais" entre peões a meio da passagem pedonal.
Mas funciona! Só avancei à luz verde e não encontrei ninguém em sentido inverso. Será que tal sinal seria respeitado em Portugal?
Tenho dúvidas...


segunda-feira, abril 09, 2007

Côja / Rio Alva - Entre rápidos e açudes


Há quem diga que depois de aprender a andar de bicicleta nunca se desaprende. Verdade? Mito? Será que se pode dizer o mesmo de canoagem?

No fim de semana antes da Páscoa, sugerido por um amigo, tive a oportunidade de verificar se ainda tenho o que é preciso! Depois de quase 10 anos sem pegar numa pagaia e numa canoa, aceitei o desafio do David e lá fomos para a descida do rio Alva, chamada pela empresa organizadora como secção Alva 3 entre Vila Cova do Alva e Côja.

Como foi o percurso? Os profissionais da Transerrano descrevem-no assim:

“Alva 3 – Vila Cova do Alva / Côja – sector com 9km. Sector com mais de uma dezena de açudes, com diferentes formatos (rampa, degrau, vertical, redondo, inteiro, semi-destruídos, etc). Não tem sectores muito técnicos, mas exige alguma condição e destreza física, porque o contacto com a água é inevitável. Requer experiência anterior em canoagem. Em épocas de elevada precipitação este sector pode tornar-se algo perigoso, pelo que a descida pode ter de ser abortada a qualquer momento.”

Apesar da alvorada às 6 da manhã, a vontade e entusiasmo de repetir um dos desportos que mais saudade tinha dos tempos do Clube Aventura no secundário eram grandes. Equipamento vestido, explicações sobre segurança, a adrenalina sobe, entra-se em água e… SPLASH! No primeiro açude a primeira queda à água!

O barulho e transparência da água, as margens elevadas de um verde exuberante e húmido do orvalho matinal fazem do rio Alva a combinação perfeita para esquecer a planície aborrecida da lezíria ribatejana.

Partes calmas para simplesmente remar, conviver com o grupo ou absorver a beleza e o silêncio da natureza em redor. Outros troços completamente loucos, com a adrenalina à flor da pele, com os nervos em franja, com ramos de árvores na cara e com mergulhos forçados.

Nos açudes a técnica para saltar e manter a embarcação em equilíbrio, nos rápidos a destreza e rapidez de reflexos para desviar de obstáculos, para reagir sem pensar, finalmente algo que não controlamos na vida! Passa-se a ser parte do rio, passa-se a ser água, areia, rocha e espuma.

Adorei! Vou repetir!

quinta-feira, abril 05, 2007

Viver em Amesterdão - Como será?

Como último post acerca desse país maravilhoso deixo um desafio aos meus amigos que vivem na Holanda.

Como é viver na Holanda? Como em qualquer país há-de haver vantagens e desvantagens. Algumas parecem-me óbvias outras ou talvez a maioria nem por isso. Aguardo os vossos comentários e deixo aqui o meu ponto de vista como turista português regular.

Apesar de fazer o que a maioria dos turistas faz em Amesterdão e ir aos locais típicos e aos museus recomendados, não me auto insiro no grande grupo que vai à Holanda, e que fica apenas no centro de Amesterdão e se mantém pedrado durante toda a estadia. Há sítios mais perto de Portugal e mais baratos, como Ibiza.

Mas sim, Amesterdão é uma cidade em permanente festa!

A minha primeira viagem para fora da Península Ibérica foi há já muitos anos para Amesterdão. Foi um “abrir os olhos”! Agora continuando a visitar e tendo vários amigos a viver na Holanda a minha opinião vai mudando.

Ao primeiro impacto é chocante. A droga, o sexo, o álcool, tudo tão fácil de obter e tudo tão permitido é fácil ficar ofuscado e pensar: “Espectáculo! Incrível! Que bom seria viver neste país tão tolerante onde vale tudo e cada um faz o que quiser!”

No entanto, devido à educação que tive e à sociedade em que vivi, não consigo imaginar criar a minha família no bairro da luz vermelha (sim há pessoas que lá vivem), ir passear um filho pequeno e ver as prostitutas nas montras 24h por dia.

Nem pior nem melhor é apenas diferente! Muito diferente mesmo…

As bicicletas por todo o lado, os canais de água por toda a parte e as casas estreitas e alinhadas dão um carácter único à cidade. Com ou sem sol é uma cidade linda e há sempre que fazer e visitar. De bicicleta para o trabalho, para o café, para o parque apanhar sol, como desporto, elas dominam a cidade e têm prioridade sobre tudo excepto os eléctricos.

A comida. Este tema é rápido de comentar. Não há comida típica. Os holandeses não têm tempo / não querem cozinhar, por isso a maioria dos restaurantes são de comidas estrangeiras. É incrível ver a quantidade e variedade de comidas pré cozinhas que existem nos supermercados na Holanda. Mas são loucos por comida saudável, frutas, legumes, iogurtes, cereais, sumos naturais, etc.

Para não me afundar em estereótipos, e excluindo as misturas raciais que são tantas, o típico holandês (seja lá o que isso for) tem 1,90m de altura é branco, loiro, olhos claros e magro. Práticos e directos à acção, grande auto estima e um pouco “basófias”. Frieza típica de países nórdicos, mas acessíveis, divertidos e de mente aberta.

A quantidade de nacionalidades a viverem juntas na mesma cidade é incrível e bem visível em Amesterdão ao mudar de bairro para bairro como se muda de ruas cheias de chineses, para bairros turcos, italianos, etc.

A tolerância existe! Raças, religiões, preferência sexual tudo a partilhar um espaço comum abaixo do nível do mar, a tolerar-se. Mas que ninguém seja ingénuo ao pensar que é o paraíso como a canção “imagine” de John Lennon!

Dos países mais tolerantes de todo o mundo, a Holanda já não é o que era. Como por toda a Europa, existem problemas graves de emigração. O fantasma do escritor holandês assassinado por um muçulmano que não gostou da publicação de um livro sobre a forma como as mulheres turcas são tratadas na sociedade, ainda paira sobre o país das flores e dos moinhos de vento.

A jeito de remate acabo com uma lista de fotos curiosas:



Bicicletas – é rara a foto que não tem bicicletas. Vale transportar tudo! As compras, os filhos, atar o cão e ir pedalar para o Vondel Park. Na foto em baixo o vento era tanto que derrubou dezenas de bicicletas daí uma confusão enorme. Um género de Mikado mas em bicicletas em vez de pauzinhos.




Canais – apesar de muito diferente para possível comparação, prefiro os pequenos canais de água do centro de Amesterdão aos canais super lotados de Veneza. Com um pequeno barco, pode-se ir a quase todo o lado em Amesterdão e arredores. Deve ser curioso ver os mapas dos canais de água...

Redlight district – Mundialmente conhecido, o bairro da luz vermelha faz juz ao nome. Várias ruas que formam um bairro em que a prostituição está presente e sem esconder 24 horas por dia. Por trás de cada vitrine das montras do rés do chão e do primeiro andar, profissionais do ramo de todas as raças, formas e cores, provocam e chamam quem passa. Sempre com a lâmpada de neon vermelho por cima da montra a assinalar a presença. O cliente aproxima-se da montra, discute-se o preço, "suck and fuck" é o nome dado ao serviço padrão, os extras pagam mais Entra-se, a cortina da montra é fechada e tudo acontece ali mesmo.
Curiosidade: O aluguer mensal de uma montra numa das ruas principais pode ir até aos 5000€, que já inclui protecção e seguros. Não existe ninguém "obrigado" nas montras.



Coffee shops – Existem para todos os gostos. O conceito do consumo de haxixe e marijuana é igual em todos, só muda a decoração e o tipo de música que passa. Desde rock da pesada a chill out e ambiente lounge. Existe uma zona própria para fumar e na maioria deles não são permitidas bebidas alcoolicas. Apenas chás e bebidas energéticas. Todos têm um menu com preços separado em 2 categorias. Erva ou Haxixe, em grama ou pré-enrolada. Vários sabores, misturas e origens. Preços rondam os 8 a 12 euros a grama.

Muito divulgado também são os space cakes (queques com erva dentro) e os cogumelos mágicos para todo o tipo de efeito desejado.

Em baixo uma foto tirada no museu da cerveja Heineken e outra com jogadores de xadrez de rua tirada perto do VondelPark. Todas as fotos podem ser vistas em mais detalhe clicando em cima.

segunda-feira, abril 02, 2007

"Hoorn" a ultima barreira...

Holanda. Há quem diga países baixos.

Apesar de já ter ido à Holanda várias vezes, só na última visita pude verificar literalmente o facto do estar, abaixo do nível do mar.

Em Portugal, zonas do Ribatejo também estão abaixo do nível das águas, mas não existe, ou eu ainda não conheço, nenhum local onde se possa visualizá-lo.

Bom, na Holanda estive na pequena cidade de Hoorn onde se pode visualizar esse facto. Muito perto existe um enorme dique que protege a subida do nível das águas em Amesterdão. Não é alto e imponente como uma barragem, e é isso que impressiona, é baixo e o vento que se sentia fazia as ondas ultrapassarem a barreira molhando os carros que passavam. É uma pequena elevação de vários quilómetros com uma estrada no topo e com vários centros de controlo para deixar entrar a água. Na foto seguinte dá para ver de um lado a água a um nível muito superior ao das casas que estão no outro lado da “estrada/dique”.



Eu, André, Gary e Heini fomos num domingo pela manhã rumo a norte e ao fim de meia hora de caminho primeira paragem.

Tivemos “azar” com o tempo, por isso houve pouca vontade para descobrir e visitar melhor a cidade e as instalações do sistema de controlo das águas. (Na Holanda chove e faz vento em média 9 meses por ano). O vento estava fortissimo...



Fizemos paragem num café local muito pitoresco e acolhedor. Os clientes habituais, em que todos se conheciam, jogavam concentradamente às cartas enquanto bebiam chás e cafés. Uma conversa animada, uma pequena refeição e seguimos caminho. Aqui estão algumas fotos de Hoorn que tirei do Google Hearth.



Não admira que tenha sido pedido ajuda a engenheiros holandeses nas obras da tão demorada estação de metro do terreiro do paço em Lisboa. Os holandeses dominam o controlo das águas! Uma grande parte do país foi construída sobre água e com os constantes movimentos das lamas muitas casas afundam-se ou entortam. Há ainda a opção das casas barco que existem um pouco por todos os canais de água em Amesterdão. A seguinte foto vale por mil palavras: