sexta-feira, junho 29, 2007

Les Andilles - Norte de França

O norte de França está salpicado por inúmeras pequenas vilas amorosas, mais propriamente, a Normandia, tem casas de uma arquitectura própria, apaixonante e simplesmente encantadora.

Conhecendo apenas a capital do país, é impossível dizer: “Estive em França!”

Só depois de passar umas semanas na Normandia e na Bretanha pude ver a outra França. A França das pequenas aldeias, os mercados de queijo, a simpatia dos normandos e bretões, as praias frias mas lindíssimas e a sua história.

Marcou-me especialmente uma pequena povoação chamada “Les Andilles”. Situada num pequeno vale que desemboca num afluente do rio Sena, a cúpula da catedral no centro da vila é um ponto de referência.

No alto dum monte vigiando a cidade, as ruínas de um castelo normando, recordando as inúmeras batalhas que aqui se travaram muitos séculos atrás quando os ingleses dominavam o norte da França.

Mas os ingleses ainda não partiram. Por toda a Normandia são inúmeras as casas de férias e por toda a parte muitos reformados que trocaram a névoa de Londres pela humidade de Les Andilles.

A uma hora de comboio de Paris, recordo um passeio ao longo do rio e dos jardins verdes das casas. Uma conversa em Portunhol com uma amizade de longa data, mas ainda muito forte.

O casal da loja de recordações, o vizinho curioso e simpático grita: “Bonjour!”. Cheira bem da padaria ao lado da catedral e tudo parece encaixar como um puzzle diante dos meus sedentos sentidos de turista fora dos destinos óbvios dos guias.





Custa a crer que foi em povoações encantadoras como esta que se lutou casa a casa, rua a rua para expelir os ocupantes alemães durante a invasão aliada na segunda guerra mundial.

E não muito longe, em praias como a da foto em baixo, onde hoje brincam crianças morreram cerca de 9.000 jovens americanos em apenas poucas horas à algumas dezenas de anos atrás.
Com o nome de código Omaha Beach, tem agora o nome da povoação vizinha, “Laurent sur Mer”.

Foram dias de descoberta, aventura, alguma chuva, sobretudo, muitas recordações e muita vontade de voltar a conhecer um pouco mais deste grande país.

Esta foto foi tirada em “Point du Hoc” onde outra dura batalha foi travada pelos rangers americanos e uma divisão de artilharia alemã. Sou eu num "buraquinho" feito pelos bombardeamentos aéreos aliados.

É um cabo com cerca de 200 metros onde existia um complexo de túneis e de armas enormes alemãs para destruir os barcos e defender a costa. Coube aos rangers escalaram à mão e sem cordas a parede rochosa do cabo sob tiros e arremesso de pedras e granadas e conquistar a fortaleza incrustada nas rochas.

O local tem a área de 4 campos de futebol e é impressionante!
A pedido de leitores assiduos aqui deixo o link para um post antigo sobre parte da Bretanha:
click aqui.

quinta-feira, junho 28, 2007

Monstro Comercial

Dragões! Essa criatura do imaginário humano que alimentou lendas, contos, livros e filmes.

Em Cracóvia existe uma estátua grotesca de um dragão que habitou a caverna por debaixo do castelo Wawel. Com mais de 3 metros e com a grande boca aberta em direcção ao céu é atracção turística obrigatória. Para além da boca enorme e queimada pelos jactos de fogo, tem inúmeros braços com cabeças mais pequenas a lembrar algumas personagens da Saga Holiwoodesca Alien.

Diz a lenda que a besta saia do seu ninho para violar e comer jovens e belas virgens. E foi um valente príncipe que deu o nome à cidade, Craco, que com um plano engenhoso armou uma armadilha ao monstro.

Um carneiro carregado de explosivos foi colocado à entrada da caverna, local onde morreu e lhe foi construída uma estátua.

É a loucura dos mais pequenos!

Agora a parte curiosa da coisa!

Por apenas alguns grozys e apenas à distância de um SMS, é possível fazer o dragão cuspir fogo. É verdade! Envia-se uma mensagem para um número pequeno e a estátua expele um jacto de fogo para a delicia dos petizes e graúdos.

Já imagino o leão do marquês de pombal a rugir via SMS ou a estátua do Adamastor a soprar uma lufada de vento forte após introduzir algumas moedas. Fica aqui como sugestão para os candidatos à Câmara Municipal como medida para aumentar as estatísticas turísticas na cidade do sol.

terça-feira, junho 26, 2007

Ir para fora cá dentro

Num dos longos fins de semana de Junho e mais um par de dias de férias regressei a um pedaço de terra que adoro. Há que lhe chame costa azul ou costa vicentina, outros ainda costa alentejana e ainda outros parte de um deserto a sul do Tejo.

Adoro toda a costa portuguesa desde Tróia até à ponta de Sagres. Ainda longe das massas turistas inglesas do Algarve, mas com preços já muito parecidos continua a apaixonar-me e, como um encantamento, a voltar a visitar outra e mais outra vez.

Desde tenra idade que Milfontes, Porto Covo e Zambujeira do Mar foram destinos de férias familiares em bastantes verões.

As minhas primeiras férias sem os progenitores, o meu primeiro amor adolescente e “para sempre”, foi em Vila Nova de Milfontes.

Todos temos um verão inesquecível! Umas férias que por algum motivo especial ou nem por isso nos marcaram e sempre recordamos como mágico. Recordo esse verão em que com a carta de condução acabada de fazer e o Seat Marbella emprestado à mãe parti mais 2 amigos de campismo em campismo descendo ao longo da costa.

Breve estadia em Lagoa de Santo André, Melides e Porto Covo, e Milfontes, novamente, estava tão animada que acabámos por ficar acampados o resto das férias.

3 Amigos que arranjam 3 paixões de verão numa vila com praia lindíssima e com bastante animação nocturna. Estes foram os ingredientes do sucesso! Mas Milfontes é muito mais que isso… São os gelados saboreados lentamente à noite num passeio pelo forte.

São o acordar cheio de calor dentro das tendas com o som das rolas e das crianças dos vizinhos. Os dias de praia preguiçosos, o bar Quebramar, são os pôr do sol intermináveis e os passeios pelas dunas e as longas noites de festa.

São as primeiras experiências culinárias com algumas latas de conserva, são as misturas duvidosas com álcool, são os primeiros rasgos de independência.

É o piano bar, o bar azul, a manjedoura, a discoteca Sudoeste e os tardios croissants na Mabi.

São as lojas de artesanato, os simpáticos locais e o mercado.

Milfontes foi e ainda é isto tudo e muito, mas muito mais…

Algumas fotos da ultima visita e um abraço a quem participou nessa verão: Marco, João, Mikó, Alexandra, Milena e Ana.


Agora que me preparo para uma viagem à Grécia e à Croácia, volto-me a perguntar porque vou para fora fazer praia, com as praias lindíssimas que temos em Portugal.

Resposta fácil: O peregrino em mim impele-me a conhecer mais e mais praias, para voltar e recordar e dar ainda mais valor às maravilhas naturais da nossa terra.

Arrisco-me a dizer que locais como Portinho da Arrábida, praia do Malhão e Burgau fazem de Portugal o país com as praias e a costa mais bonita da Europa.

sexta-feira, junho 08, 2007

A viagem mais repetida nos últimos anos

Todos nós temos momentos de reflexão. Momentos do dia em que tomamos decisões individuais, que pensamos no que vamos dizer, ou que decidimos que passo dar a seguir nas encruzilhadas de opções da vida.

Por exemplo, é comum, acontecer nos últimos momentos antes de adormecer. No escuro do quarto, deitados na cama, tomam-se grandes decisões para o dia seguinte, ou reflecte-se o que aconteceu e imagina-se o que acontecerá.

Há quem tenha esses momentos, no duche de manhã, ou também comum, é ao fazer-se a barba. Já o grupo britânico Oásis escreveu na canção What’s the Story Morning Glory:

“All your dreams are made
When you change in mirror
Or face the razorblade.
Today is the day…”


Seja a fazer a barba ou qualquer outra tarefa que pela repetição contínua durante anos, se torna “automática”, nesses momentos pensamos, reflectimos, decidimos em plena confrontação com o nosso EU.

Isto tudo para vos falar da viagem que fazemos todos os dias para o nosso local de trabalho. Sim. Todos nós viajamos diariamente, só não o vemos como tal, porque associamos “viagem” a férias.

Uns demoram minutos, outros demoram horas, de qualquer maneira no total da nossa vida útil, não deixa de ser importante o tempo gasto em deslocações para o trabalho.

Agora se amanhã eu apanhar o autocarro que alguém apanha para o trabalho, e essa pessoa fizer os 98km que faço há 3 anos do Barreiro a Almeirim, ambos vamos quebrar a nossa rotina e sentir que viajámos.

Se optar pela auto-estrada, é mais rápido, mas mais caro e mais aborrecido. Vale a companhia da rádio e da música, fiéis amigos nesses momentos.

No entanto a estrada nacional 118 está carregada de pequenos detalhes, de muitos locais interessantes que num dia de sol decidi conhecer. Centenas de vezes percorri esse percurso, mas sempre com pressa para chegar ao trabalho. Recomendo a quem “viaja” para o trabalho a, num dia com tempo, explorar a natureza ou povoações desses caminhos diários.

Baseado em perguntas feitas por amigos, dissipo agora algumas dúvidas:

Não trabalho na Sumol.

Não trabalho em Santarém. Não, não é mais perto ir por Lisboa e pela A1, porque a auto-estrada termina em Santarém e Almeirim fica na margem sul do Tejo, logo cruzava o rio 2 vezes.

Não, não demora 30 minutos, e não é num instante. Mesmo ao contrário do trânsito demora pelo menos 1 hora respeitando os limites de velocidade, claro.

A minha viagem diária está assinalada a roxo:

Saio de Almeirim, a fila dos restaurantes da sopa da pedra, lá ao longe na lezíria, do outro lado do rio, Santarém, imponente no alto do monte e sigo pela estrada nacional 118. Aceno às caras conhecidas, ajeito o assento, sintonizo o rádio e parto.

Depois de passar várias adegas e quintas e algumas tabletas a dizer “rota de vinhos do Ribatejo” chego a Benfica do Ribatejo. Uma casa de vinho à entrada, as casas alinhadas de ambos os lados da estrada, a casa do povo, uma agência do crédito agrícola e upps, já terminou.

O primeiro grande registo no mapa a seguir a Almeirim é Muge. Fica aqui uma foto da igreja e do coreto à entrada da vila e uma santa que está o ano todo cheia de flores e que deseja sorte aos viajantes que passam.



Rectas longas e é tudo plano. De um lado e doutro campos cultivados. Nesta recta interminável até Salvaterra de Magos, passa-se ainda por Marinhais. Na bomba de gasolina há grande ambiente de festa nas noites de fim de semana. Engraçado ver tantos condutores, nativos locais, a “carregarem” na cerveja e a seguirem viagem já bem alegres…

Dá que pensar… com tantas campanhas contra a condução sob o efeito de álcool, como é possível que se venda álcool nos postos de abastecimento?

Também reparei numa casa com decoração do “faroeste” com letreiro enorme “DANCETERIA O ASSADOR”
Depois de alguma pesquisa local, danceteria são locais para idosos irem almoçar / jantar e dar um pezinho de dança com o seu cônjuge ou com algum namoro recente. Ambiente de convívio com música ao vivo. Um género de restaurante / disco para os “maduros”.

Engraçado juntar a palavra Assador à palavra Danceteria. Que encaixe perfeito… infelizmente não consegui visitar esta casa de entretenimento.

Chega-se a Salvaterra de Magos! Grande vila sim senhor! E como qualquer grande centro populacional do Ribatejo, há que ter uma praça de touros e uma rotunda com uma estátua com motivos tauromáquicos.
Reparem no poster da praça de touros a publicitar esse grande artista que é o Mickael Carrera, filho do já lendário Tony Carrera… Muito bom… um género de Enrique e Júlio Iglesias português.

Antes mesmo de chegar a Benavente já tinha reparado num cafezinho à beira de água e decidi fazer uma pausa. Mesmo ao lado da estrada nacional um retiro de calma e tranquilidade, perfeito para tardes preguiçosas de verão.

E neste ponto começa-se a ver mais água. Alguns arrozais e algumas salinas, a vista continua plana, mas o trânsito aumenta ao chegar ao Porto Alto, esse grande cruzamento com a N10 onde se atravessa a ponte para Vila Franca de Xira. Ponte essa que foi durante muitos anos, a única travessia do rio Tejo “perto” de Lisboa.

A seguinte placa que está num cruzamento no Porto Alto é no mínimo curiosa!

As placas servem para informar, mas esta apenas informa os automobilistas para estarem descansados porque, fome, não vão passar de certeza! Mais uma prova de que comer é um verbo realmente importante para nós portugueses.

Ainda se tivessem o nome dos respectivos restaurantes… ainda vá. Agora assim…

!Oh Maria! Vamos almoçar aonde? No da esquerda ou no da direita? Olha esquece e vamos ao Mcdonald’s!

Mais 2 rectas longas e chega-se a Alcochete, já com Lisboa no horizonte do outro lado do rio, que nesta fase já se transformou em estuário. Na infinita planície verde e amarela a peça de artilharia e o avião a jacto do campo de tiro de Alcochete é um marco importante. Ainda mais agora que passou a ser uma das possíveis localizações do futuro aeroporto.

E pouco mais a registar. Ao chegar ao Montijo e ao grande centro de consumo do Fórum, restam ainda 20 km de IC sem grande interesse até chegar a casa. Sem contar com o cheiro sempre aprazível das vacarias que rodeiam a estrada. O que vale é que já se circula a 120km/h.

Como é o vosso caminho para o trabalho? Como o descreveriam?

quarta-feira, junho 06, 2007

Dias longos - Noites curtas

Pergunta:

O que acontece quando se vai para uma discoteca a um aniversário de uma amiga, depois de um casamento?

Resposta:

Tiram-nos uma fotografia à saída já com o sol da manhã bem alto no céu, de fato, mas sem gravata e com chaves de um carro na mão.

Pareço o motorista privado de um grupo de miúdos ricos mandado pelos pais a ir buscá-los à discoteca.


As longas noites do Lux…