sábado, maio 31, 2008

Cripta dos monges Capuchin

Esqueçam a capela dos ossos em Évora. Algo ainda mais impressionante e mais mórbido é a cripta da ordem de monges Capuchin, que se encontra em Brno, por baixo do mosteiro da mesma ordem.

Há séculos alguém descobriu que a mesma cripta tinha as condições ideais de humidade, ventilação e temperatura para mumificar corpos ou natural. Ou seja, sem retirar os órgãos e cobrir os corpos com ligaduras como faziam os egípcios. Não. Nesta cripta os monges que morriam eram retirados do caixão e colocados em salas e aí deixados durante anos.

Em exposição vi dezenas de corpos de monges do século 18. Alguns ainda se vêem as botas ou os hábitos na cabeça:


Actualmente há ricos e famosos que pagam fortunas para que os seus corpos sejam congelados após morte, para mais tarde, quando a clonagem for possível, possam “renascer”… A ordem de monges Capuchin conseguia angariar fundos fazendo o mesmo. Em exposição na cripta estão corpos de famosos que pagaram fortunas aos monges para que os colocassem nas salas de mumificação. Desde um barão, a mulheres da nobreza e a oficiais do exército, existem outras dezenas de corpos dentro do caixão original apenas tapados com uma tampa de vidro.

Foi interessante ser o primeiro visitante da manhã e visitar as salas sozinho… digamos que nunca estive verdadeiramente só…

Ao fundo da sala uma inscrição em latim diz:

“O que fomos, o que somos, um dia tu serás”

Brno - fotos comentadas


Fotos tiradas da torre de outra catedral, Brno tem 4. Ao fundo vê-se o castelo de Spilberk que foi durante a ocupação alemã uma prisão para presos politicos e elementos da resistência checa.


Brno não é a típica cidade da europa central com a praça central e com as ruas geométricas que partem da mesma em todas as direcções. Claro está que com um mapa fraquinho do livro guia perdi-me várias vezes. As placas vermelhas como na foto foram autênticos oasis de informação para corrigir erros de navegação. Ou... nem por isso...


Rua comercial sem carros, que liga a praça central (direita) à estação de comboios e ao maior centro comercial da cidade.


Nada como um pouco de sol para realçar a paleta de cores de um mercado. Na praça das couves (nome ainda actual) realiza-se este mercado de legumes e frutas há vários séculos. Na mesma praça tem ainda um famoso teatro orgulho por anunciar que Mozart lá tocou quando tinha 11 anos. e ainda uma fonte barroca no centro de onde se vendem carpas vivas para as ceias de Natal.

Na última foto um senhor cria artesanalmente miniaturas em açucar para enfeitar o topo de bolos.

Morávia - Brno e Olomouc

N.A. Texto escrito em trânsito a 22 de Maio:

Viagem de 5 horas em autocarro cheio, atravessa-se praticamente o país todo. Estacionamos em Brno. Longe de tudo, o quarto é bom. “Por baixo do gato” é o nome da pensão. Claro está que têm um gato no quintal, mas o bar anexo à noite mete um certo receio, respeito.

Meia hora para chegar ao centro e sem parar seguimos para Olomouc. Já me encontro em plena Morávia, o primeiro objectivo destas férias.

Como cidade estudantil, tem uma certa atmosfera, uma energia própria, dormitórios, cafés e muitos bares. Um passeio pelo centro, café num local da moda e de regresso a Brno.

Fica o registo do relógio na praça principal. Que semelhante ao famoso relógio astrológico de Praga à primeira vista, olhado com mais atenção nem por isso. Remodelado totalmente durante os anos de comunismo, o relógio tem trabalhadores e camponeses que às horas certas saem para bater martelos e usarem foices:

Mais umas fotos a provar que a vida de estudante é difícil em qualquer parte do globo. Em pleno dia e numa artéria da cidade este jovem debatia-se com o “cansaço” causado seguramente pelas horas exageradas de estudo. Felizmente uma freira que passava lá o ajudou a despertar:

Brno, 2ª cidade do país, com 300.000 habitantes tem tanto de cidade cosmopolita, com problemas de trânsito em hora de ponta, como de cidade calma do interior. Uma mistura interessante… arrisco comparar uma mistura de Évora com Porto.

Com pouco turismo, quem trabalha nos serviços tem mais paciência para os turistas. Serviço com mais simpatia do que Praga, mas também menos pessoas a falarem inglês. A empregada do restaurante onde me encontro insistiu em falar comigo em checo durante todo o atendimento, eu respondo em polaco e no final lá corre tudo bem.

sexta-feira, maio 30, 2008

Ceské Budejovice

Como muitas cidades na Europa central, todas as ruas começam geometricamente a partir de uma praça central em todo o seu redor. O mesmo acontece em Ceské Budejovice cidade da cerveja, a mais conhecida Budvar ou versão americana Budweiser.

Realmente aqui vive-se atmosfera checa, a autêntica. A azáfama logística da abertura do comércio, o café do bairro onde os idosos vão beber chá e comer bolo. É o café/bar/restaurante jazz onde estudantes lêem apontamentos, ouvem as músicas da moda, a taberna a servir almoços rápidos para quem tem apenas 1 hora de almoço.

Hoje sim conheci um pouco mais da república checa. Nada de menus em inglês ou informações turísticas.

Ok. Confesso ser um fã dos “pontos mais altos”. Não resisto a uma dose de fotografias panorâmicas à cidade, seja, igreja, torre ou montanha. No caso de hoje foi a torre negra com uns respeitáveis 226 degraus, muitos sinos e com aspecto austero. Aqui está o resultado:


quinta-feira, maio 29, 2008

Cesky Krumlov

"N.A. O texto seguinte foi escrito em trânsito entre 18 e 19 de Maio"

Chove há 48 horas.

Meio molhado, mãos enregeladas do frio, finalmente chego ao hostel recomendado. Estou na jóia da Bohemia, região sudoeste da Republica Checa.

Cesky Krumlov

Depois de uma viagem de autocarro atribulada desde Praga, as expectativas são elevadas. Após registo e pequeno descanso na pousada para secar e ler um pouco, parto sem grande motivação para a chuva e poças de água lá fora.


Chapéu de chuva numa mão, máquina fotográfica noutra, a cada foto que tiro descubro uma pequena cidade lindíssima. O rio Vlatva que vem da capital, contorna totalmente o centro da cidade e o enorme castelo imponente com a sua torre colorida, facilmente leva a mente do turista para cenários edílicos de cavaleiros, princesas e dragões.

Através de uma ponte fantástica passa-se por debaixo do castelo para os jardins da cidade e escolas de equitação (most ná Plásti)


As casas com telhados vermelhos, as paredes pintadas com motivos medievais: Checos?!? Muito poucos. Americanos sim muitos e japoneses ainda mais…

Volto ao hostel para jantar. Na sala um americano toca Didjeridoo (não sei como se escreve), outros falam da desvalorização do dólar face ao euro, não podiam estar mais desenquadrados do cenário medieval depressivo do mundo lá fora. Lamento não ter alguém para partilhar o que vi.

Viajar com amigos tem claras vantagens sobre viajar sozinho, mas a liberdade total gozada durante uma experiência “a solo” pode ser muito positiva.

Claro que ninguém gosta de estar sozinho, faz parte da condição humana, somos seres sociais por natureza. Viajando sozinho está-se mais disponível para falar com estranhos e, se nos dispusermos a isso, rapidamente se sai da condição de lobo solitário.

No hostel onde fiquei seria difícil não fazer amigos. Acolhedor, pequeno, familiar, um convite para cozinhar com uns australianos e já está. Passados minutos estou a fazer Pretzel’s, a amassar e a dar forma aos bolos. Uma verdadeira linha de produção panificadora internacional com americanos, australianos, canadianos e um rapaz mais calado com um sotaque engraçado de Portugal. Onde fica isso?!?

Após dar forma uma pré cozedura em água a ferver e vão ao forno. Salgados, com sementes de papoila, com doce, ou até com mostarda picante, assim foi o jantar; pretzel’s e jarras de cerveja que iam buscando ao bar ao lado da pousada.

Passou-se o serão a ver filmes checos legendados em inglês, toca-se guitarra, comenta-se o novo álbum dos rádiohead, abordam-se temas universais como educação sexual, depilação púbica, viagens e aventuras. Um australiano, 50 anos, olhos azuis claros, uma barba enorme, viaja pelo mundo sem planear nada, diz-me já com muita cerveja bebida:

“Incrível! Tanta visita e borga em Albufeira e Lagos, e o primeiro português que conheço é numa vila na Republica checa!”

E continua a chover lá fora…

quarta-feira, maio 28, 2008

À descoberta da autêntica Republica Checa

Esta capital está muito diferente da primeira visita em 2001. Está transformada numa grande “fast food joint” para o turista gostar, consumir e estragar.

O que é realmente checo?!? Há que sair do centro para descobrir. Entre encontros com amigos e fugindo das habituais armadilhas para turistas, é esta a Praga verdadeira; a alternativa:



Parques seculares nas margens do rio

Cervejarias

Grupos de jovens competem na resolução de enigmas num parque

Algures em Mala Strana
Jantar com amigos de longa data (na TV Hoquei no Gelo Russia Vs Canadá)

Banda interracial a tocares juntos pela primeira vez em pequeno bar

Uma viagem a Marrocos cancelada, mais um bilhete barato para Viena comprado a um amigo que não podia ir, resultou numa semana de férias memorável. 2 Fins de semana na companhia de amigos e uma semana no meio para descobrir mais sobre a república checa. Nos próximos dias escreverei textos que fui escrevendo entre 18 e 25 de Maio.

Itinerário completo: Fim de semana em Praga, Partida para sul para Cesky Krumlov, vila medieval que todos os amigos me recomendaram, seguido de Ceské Budejovice capital da cerveja. 4ª feira chegada a Brno, segunda cidade do país, de onde visitei Olomouc, cidade de estudantes. Fica a republica checa melhor conhecida. Ultimo fim de semana em Bratislava onde fui surpreendido pelo castelo de Devin a meia hora de caminho sobre uns dias maravilhosos de sol.

terça-feira, maio 27, 2008

Artistas de rua

Não se compra bilhete. Ninguém os contratou. Mas eles estão lá! Sempre a tornarem o nosso dia mais animado; ou não...

Este artista toca em Zurich e usa um disco metálico que ligado à corrente, e vibrado pelas mãos gera estes sons incriveis:

Sushinite

A febre está mais do que alastrada por toda a cidade de Lisboa. Há até chineses que se convertem em japoneses para venderem estas miniaturas que tanto sucesso e procura estão a ter. Gosto e tenho ido tanta vez ultimamente que deixo aqui uma foto tirada a esta obra de arte culinária, que foi limpa por 5 bocas esfomeadas em Cascais em apenas 10 minutos: