segunda-feira, agosto 18, 2008

Salzburg a Mozart

Salzburg é o destino perfeito para quem é fã de Mozart e ao mesmo tempo super fã do filme clássico “Música no Coração” – versão original “The sound of Music”.

Apesar de Mozart em vida não gostar muito da sua cidade natal e assim que pôde partiu, esta faz-lhe grande homenagem.

Apesar do filme Música no Coração não ter sido filmado nem 40% na cidade, por todo o lado é o que se vê.


Até o hostel onde fiquei ficava ao lado da igreja, cujo jardim/cemitério tem os corpos dos pais do menino génio. Impressiona-me ver crianças em cemitérios. Talvez pelo inicio e o fim da vida serem 2 momentos que me parecem tão dispares. Nem sempre o são...

Nada com mais classe e requintado do que uma caneca de cerveja de litro com a cara de Mozart impressa. Assim como tshirts, chocolates, perfumes, canetas, bonés, etc,etc.

Fugindo das armadilhas típicas para turistas:

Como exemplo e noutros países:

Excursão aos locais das filmagens do filme Musica no Coração = 46Eur.

Excursão ao bairro alto com jantar (bitoque e vinho da casa) e concerto de fado = 100Eur.

Excursão Castelo Budapest + jantar típico cigano(na Hungria??) = 120Eur

A cidade de Salzburg tem a sua graça e o seu romantismo. O centro histórico património da humanidade, os jardins floridos de Mirabell e tudo rodeado por montanhas onde o castelo fornece uma vista fabulosa sobre a cidade.

Talvez por ter as expectativas demasiado altas, talvez por vir no comboio com jovens preparados para montanhismo, esperava uma cidade mais calma, mais “de montanha”, com menos trânsito e menos barulho. A verdade é que não é cidade para se visitar sozinho , como o fiz.

Gostei especialmente de:

Casas estreitas alinhadas com uma parede de rocha, segundo o guia bairro tradicionalmente de residencias de estudantes.


Beer Garden com self service de cerveja. Paga-se a caneca na caixa, escolhe-se uma da estante, lava-se numa fonte e entrega-se a um senhor que a enche directamente da fonte. Depois jardins em sombras gostosas para saborear o precioso liquido dourado acompanhado de petiscos locais, como batatas, lascas de beterraba com sal, queijos, fumados, etc. A página web do local:

http://www.augustinerbier.at


Ao seleccionar e ao escolher as fotos vou mudando de opinião acerca da cidade. Aqui ficam umas fotos que gosto particularmente. Como será a cidade vestida de neve no inverno?!


quarta-feira, agosto 13, 2008

Volta a Munique em Bicicleta

Houve um dia em que este senhor, ciclista experiente, não foi de bicicleta para o trabalho.

Deixou-a ao amigo.

E que dia memorável! Numa cidade praticamente plana, a bicicleta é o transporte dominante. As condições são excelentes, circuitos marcados, faixas dedicadas, automobilistas que respeitam os sem motor, o sonho para quem gosta de pedalar.

Nos primeiros dias já tinha visitado a pé todo o centro. Recordo a avenida entre Karlplatz e Marienplatz cheia de “window shoppers” e papa gelados.

Parti cedo e directo ao English Garden, o maior jardim da cidade que tem multi funções:

- Praia

- Zona de desportos

- Restauração

- Passeio e namoro, seja com animais domésticos ou amantes.

Experiências anteriores em bicicletas com travões nos pedais foram claramente insuficientes. Ao mínimo obstáculo que exija travagem brusca lá estão as mãos a apertarem os travões que não existem. Demora algum tempo e algumas reclamações de outros ciclistas até que me habitue a travar com os pedais.

A ausência de praia obriga os locais a recorrer aos espaços verdes para aproveitar o verão, enquanto pedalo surpreendo-me!

“Aquele senhor está mesmo a pedalar nu?!”

Já sabia que havia zonas de nudismo, mas mesmo assim choca sempre. (Recomendo o vídeoclip dos Queen – Bicicle Race)

Farto da calma das sombras dos espaços verdes dirijo-me para o centro. Já tenho fome e com a ajuda do guia procuro o maior mercado de rua da cidade Viktualienmarkt. Muita fruta, mel, licores e demais mercearias. Opto por um saco de cerejas e uma sandes de salmão grelhado com salada. Estaciono a bicicleta e passeio novamente pelo centro, passando pelas orlas de turistas das ruas principais e pelos restaurantes gourmet cheio de gente de negócios na hora de almoço.

Nova paragem nas sombras dos jardins geométricos da Residentz, antiga residência dos monarcas da Bavária.

À semelhança do que acontece no Octoberfest, a cidade está repleta de “bierre gardens”. Jardins de cerveja que fazem lembrar a antiga festa de cerveja no castelo de S. Jorge em Lisboa. Bancos de madeira no exterior do restaurante ou num pátio interno onde se comem salsichas e pretzels salgados, regados com litros e litros de cerveja servida em impressionantes canecas de litro por mulheres e homens com trajes típicos.

Volto à bicicleta. Perco-me várias vezes e percebo que em bicicleta vale tudo. Os sinais de sentido proibido ou obrigatório virar à direita são apenas para os carros. Imito os locais e vou na direcção que quero, mas perco-me novamente.

Complicado ver o mapa frequentemente enquanto se para perto dum cruzamento. Estou rodeado de umas dezenas de bicicletas. Tiro a máquina da mochila e tento tirar uma foto. Zás! Sinal verde! Arrumo tudo à pressa e os ciclistas atrás de mim a apitar e a chamarem-me nomes. Que bom não entender o alemão…

Então vagueio, cansado, já a pensar voltar a casa, nova surpresa do destino.

Parado entre cruzamento de 2 avenidas importantes a consultar o mapa, uma rapariga alemã sai esbaforida do edifício ao lado e grita algo em alemão. No meu melhor inglês/alemão digo: “no speak doitch”. Lá muda para inglês e explica-me que está atrasada para um teste e que quer boleia para uma rua perto dali.

Estamos a falar de uma menina com 1,80m de altura e mais de 70Kg. Digo-lhe que tenho pouca confiança com a bicicleta para puder conduzir com pendura. Responde rapidamente: “Levo-te eu a ti”.

Ok.

Passa-me umas sapatilhas que tinha na mão, vou para trás da bicicleta e lá arranca ela. Vamos à máxima velocidade permitida pelo nosso peso junto, em sentido contrário, por passeios, passadeiras para peões e por entre carros. Parados num semáforo pergunto, porque não me parece nada o estereótipo “frio” alemão:

“És mesmo alemã?”

Ao que responde: “A minha mãe é, o meu pai é mexicano e o meu namorado é brasileiro. Eu falo português!”

Pronto! Tudo explicado! Viver demasiado tempo no Brasil e já conduz como um paulista.

UPPS! Rua cortada devido a obras: “Ok! Fico por aqui! Obrigada!”

Sai da bicicleta e a meio da rua volta para trás para lhe dar as sapatilhas.

“Boa sorte para o teste!” – Grito eu.

E voltei para casa.