A França. Na minha entrada nos 30 torno-me mais sábio, torna-se mais difícil apaixonar-me, torno-me mais racional nos amores que escolho. A minha relação com a França, começou com desconfiança, com dificuldade, com alguns choques ; mas também com muitas surpresas.
Longe de perder a minha paixão pela Polónia e arredores, mas acho possível ainda ter espaço no meu coração para mais um amor. Bora lá França que estou a ficar chaude !
Afinal portugueses e franceses não são assim tão diferentes, ora vejamos :
- Ambos adoram comer, a sua comida é óptima, e é uma parte importante da vida social de cada um. Momento de reunião salutar, partilha, amizade, convivio.
- Ambos adoram as esplanadas, as cervejolas com amigos, o ‘bora lá beber um cafezinho’, apanhar sol, falar, falar, falar, e falar.
- Ambos se queixam de tudo, do tempo, da greve, da vida, afinal nunca esta tudo perfeito. Há algures no passado que já esteve melhor, mas não hoje. Ambos pessimistas na vida, trabalho e amor. Um fado partilhado.
- A essência latina esta lá em França e em Portugal, mas sem o exagero das palminhas e do barulho e confusão espanhola e os exageros na moda e no detalhe visual dos italianos.
Mas serao assim tao parecidos ?? Continua a espantar-me como pequenos detalhes tornam ao mesmo tempo os franceses tão diferentes dos portugueses…
Socialismo imposto à força
Claro que esta que no pretensiosismo e tacanhez somos os maiores. Haverá sempre os grandes senhores feudais e monárquicos em Portugal. Os donos do pais. Os que se medem pelo carro de luxo que têm, prevalece o parecer que se é, do que o ser-se realmente. As aparências, o viver acima das possibilidades, E em França como é ??
Salário mínimo muito mais alto, mas o topo também aufere salários mais reduzidos, a classe media sim pode existir, e existe em França.
A grande diferença entre PT e FR, é que ambos se queixam quando algo vai mal, mas apenas os franceses fazem algo para mudar. Somos vítimas de séculos de passividade, do deixa andar, do encolher ombros e pronto, será sempre assim. Não me refiro apenas às greves gerais A SERIO de França, ou à idade de reforma mais baixa que no resto da Europa, refiro-me a séculos de história. Se o povo passa fome, quando há dificuldades lá vai o rei para a guilhotina, lá vem a revolução, enquanto que em Portugal a culpa morre sempre solteira.
Por isso aqui em França ninguém diz : « Ele é muito rico ! »
Diz-se antes : « Ele vive à vontade ! »
Grandes carros de empresa que definem estatuto social ? Não o vejo à minha volta. Talvez em Paris seja igual…
O que existem são salários mais altos, melhores serviços públicos, é mais fácil aqui para um maior número de pessoas.
Uma coisa é certa, compra-se casa quando se tem 40 anos, porque o lobby dos banqueiros é super controlado pelo governo, e não se endividam as famílias de forma irracional como em Portugal.
Um género de socialismo empurrado pela cabeça à baixo de toda a sociedade.
Tudo isto me foi explicado pelo meu professor de francês ainda em Lisboa. Mesmo assim descobrir por mim e senti-lo pessoalmente é diferente. Aquela sensação : ‘ah… é mesmo como o JP me disse ‘ mas na mesma o choque como se fosse totalmente inesperado.
O que não gosto de França, para alem da distancia a quem amo e deixei em Portugal :
Não gosto da fonética da língua. Talvez por anos a aprender línguas brutas como espanhol e polaco, passar para uma língua delicadazinha não tem sido fácil. Continuo a achar o “joder” espanhol e o “kurwa mac” polaco mais impactante que o “putaaiinn ‘ francês.
Estes bacanos acham-se no fundo um bocado mais especiais do que realmente são. O nacionalismo torna-se ridículo por vezes. É sem duvida um grandioso pais, mas epà, calma…
Bagette debaixo do braço já não me choca, mas a mistura de um sovaco suado em contacto com pão fresco não conjuga no meu imaginário romântico de França.
A fixação que têm por cus cus em vez do arroz, ou a fixação por carne de pato em vez das nossas filas ao domingo para comprar frango no churrasco.
O exagerado uso de cheques para pagar tudo.
Allez! Allez! Vive la France!