Queixar! Queixar faz parte da condição humana, da nossa constante insatisfação por mais positiva que seja a situação.
O caminho fácil é pensar que há sempre algo ou alguém que está pior que nós… Pois para quem tem uma vida óptima, mas insiste em queixar-se do fantástico clima português, aconselho a visualização deste vídeo.
Enquanto a primavera não chega, enquanto as temperaturas não sobem, enquanto as constipações não desaparecem, vejam como podia ser bastante pior…
Filmado em Amesterdão, Segunda-feira, 19 de Março de 2007.
Sejam férias de 3 dias, sejam de um mês, o choque de voltar ao trabalho é inevitável. Custa concentrar, o corpo queixa-se ao voltar às rotinas das refeições ou aos longos períodos sem comer nada. Foram curtas, mas deu para descansar; mentalmente pelo menos. Ao regressar à rotina diária, regressa-se com mais clareza, faz-se uma introspecção à vida, foca-se no que é o essencial, elimina-se o que era supérfluo.
Foi óptimo voltar a ver amizades antigas! Sim! Sim vale a pena investir em amizades entre pessoas de outros países! Apenas se consegue manter contacto com uma percentagem muito pequena devido à distância, mas esse pequeno número compensa por tudo!
Volto com o coração e a mente cheios de pensamentos positivos. Cito aqui frases ditas ou escritas pelos que me amo e que me amam:
“It was great seeing you! We both send you hugs! Keep in touch…”
“Acredita em ti! Tu consegues! Tu tens o que eles querem!”
“Tenho pensado muito em ti!... Quando voltas?!”
“…é bom ver-te animado! Vá lá, uma sms! Jocas”
E ainda a frase considerada a mais chocante / engraçada da estadia em Amesterdão:
“Since i don’t want to jump from the window, i don’t have too many options, i’ll be here!”
Em pleno semestre como estudante erasmus em Cracóvia, Polónia, queria aproveitar um fim de semana grande em Novembro para uma viagem ao noroeste do país.
Nota histórica ___________________________________
Entre 1918, fim da primeira grande guerra, e 1939, início da segunda, foi o curto período em que a Polónia foi independente como país, depois de vários séculos de ocupação dos vários vizinhos (Alemães, Russos, Suecos, Turcos, e a lista não termina).
11 de Novembro de 1918 comemora-se o dia em que a Polónia voltou a aparecer no mapa como país independente após vários séculos de luta pelo território perdido. _____________________________________
Fiquei eu o responsável por organizar a excursão, mobilizar pessoas, ver horários, arranjar alojamento. Com experiência em organizar excursões para os Erasmus em Lisboa, EIN , aprendi que ao princípio ninguém se inscreve à espera de ver se há muitos inscritos, em cima da data é tudo a mostrar interesse, quando é tarde para reservar o quer que seja. E assim foi, acabei por ir apenas com 2 amigos italianos que viviam comigo. Andreas e António:
O grupo maior apareceu um dia depois, mas como não reservaram alojamento, tiveram de voltar mais cedo.
O plano era Wroclaw e Poznan, de onde são a maioria dos meus amigos polacos que estudaram em Lisboa. Para quem se interessa pela geografia da viagem aqui vai, click no mapa para visão maximizada:
Para mais informações turísticas, e não só, sobre a Polónia visitem o site:
Realmente houve inúmeros pequenos detalhes, que fizeram com que a visita a 2 interessantes cidades fora dos destinos “típicos” de turismo corresse mal. Para além do turismo em Novembro está fora de época, o nevoeiro constante e a dificuldade em arranjar alojamento e transporte, devido aos feriados, deitaram por terra a flexibilidade da viagem. É preciso ter espírito aventureiro para viajar na Polónia para além das muito visitadas Kraków e Warsaw. Parecia que conhecíamos apenas as pessoas antipáticas do país, ao perguntar informações, ao comprar bilhetes, muito difícil a comunicação. Aliás turismo em grande parte da Polónia é algo ainda muito recente e é frequente encontrar pessoas intolerantes ou impacientes para com as perguntas e duvidas dos turistas, que insistem em falar inglês.
Bom, não há-de ser muito diferente para turistas no nosso país numa viagem a Castelo Branco ou a Bragança durante o mês de Novembro.
Apesar disso, o espírito do grupo estava em alta e, como se verifica na foto, divertimo-nos muito! A parada militar alusiva ao dia da independência a que assistimos assim que chegámos a Wroclaw foi incrível!
Para além das tropas também desfilaram escolas com as crianças mascaradas com figuras conhecidas da história polaca.
Engraçado que as crianças ao desfilarem e notarem na presença dos 3 turistas gritavam:
“Wlochski! Wlochski!” que significa “italianinhos”.
Qualquer cidade da Europa de leste se orgulha da sua praça central (rynek glowny), por isso é comum os edifícios das câmaras municipais serem sempre pontos de interesse e terem as mais variadas formas e cores.
Rynek Glowny em Wroclaw:
Os graus negativos e o nevoeiro marcaram a rapidez, mas no entanto, a atmosfera mágica da visita à cidade, tornando incríveis as fotos à fachada do antigo edifício universitário:
Tivemos uma noitada de Sábado na noite estudantil de Wroclaw de arromba, que agravou o meu estado de saúde, quem corre por gosto não cansa. Mas sofre… Só já em Poznan é que a febre apertou.
Ficámos logo à chegada com a nossa estadia mais curta, porque só se arranjou alojamento para uma noite.
Eu aproveitei o dia para visitar amigos e como já conhecia a cidade, só na manhã seguinte me juntei aos italianos para dar uma volta pelo centro.
Na minha opinião, a praça central de Poznan é das mais bonitas de todas as cidades polacas. As casas estreitas rigorosamente alinhadas, pintadas com cores fortes, levam-nos para séculos passados. O edifício estatal (Ratusz) no centro tem mais ar de catedral do que outra coisa. Ao olhar a foto seguinte parece que centenas de pessoas olham admiradas para um WC público.
Mas não, nada tem de curioso. O momento mais turístico na praça central de Poznan, é o tocar do meio-dia no relógio do Ratusz, que faz com que 2 cabras saiam, género cucos, e choquem com os cornos 12 vezes. É por isso que todos os turistas aguardavam…
UUUAAAUUUU… Impressive… Fantasticzny!
Para turistas sem um bom livro guia ou sem a preparação prévia, os postos de informação turística são como oásis num deserto de incertezas, duvidas e ansiedades. Pois a gota de água no fim de semana difícil, foi o encerramento do posto de turismo de Poznan aos fins de semana. Realmente quem é que anda a passear aos fins de semana?
O rolo que vêm no trinco da porta é uma reclamação “forte em calão inglês” que algum turista revoltado antes de nós deixou às autoridades.
E volto a pensar para os meus botões: “Não te queixes! O ponto de informação da Rua Augusta em Lisboa fecha 2 às vezes 3 horas para almoço e está encerrado aos domingos”…
Posto isto só restava voltar a Kraków numa viagem de 4 horas num comboio cheio com o aquecimento avariado, com muita febre e a pensar: “Nos próximos fins de semana fico em casa a estudar para os exames”. É mais fácil…
Reforço novamente que apesar de haver bons e “menos bons” momentos em todas as viagens, são estes últimos que no ficam gravados com mais força na memória. São os sarilhos e as dificuldades sentidas que dão histórias engraçadas para contar mais tarde.
As memórias que guardamos das viagens que fazemos são, grande parte, associadas a algo que correu mal!
Porquê?
Ter um plano para cada viagem é normal, mas este existe para ser mudado e ajustado. Ora são estas mudanças, estes erros ou desvios ao plano inicial que tornam as viagens inesquecíveis. A aldeia que não se esperava visitar, mas que acabou por ser mais interessante e impressionante que a cidade de que todos os guias falavam por exemplo. Viajar acaba por ser isso mesmo, um saltar para um desconhecido cheio de vontade e sede de aventuras.
Cito aqui uma frase do livro "The Beach" que deu origem ao filme com o mesmo nome, cliquem:
Todas as minhas peregrinações têm histórias destas, mas passo a descrever 2 dessas aventuras que me marcaram e que servem de exemplo.
Itália, Verão 2001.
Oh, mas que viagem cheia de surpresas. Apesar de uma viagem bem planeada, com estadia e bilhetes já tudo comprado, lá ocorreram imprevistos surpreendentes. Com o Tiago e o David, visitámos Roma, Florença, Nápoles com uma breve passagem pela ilha de Capri em 15 dias.
Enquanto programávamos a nossa viagem, uma desconhecida ao saber que íamos para Roma em Agosto, ficou chocada devido ao calor que sabia que íamos passar e o seguinte diálogo teve lugar algures no Saldanha:
Desconhecida – Vão para Roma?!?! (olhos esbugalhados, tom de voz demasiado alto) David – Sim, vamos! 4 dias! Desconhecida – Vão mesmo para Roma em Agosto?!?! David, Tiago e eu – Sim. (olhando uns para os outros cor ar desconfiado) Desconhecida – VÃO ARDER EM ROMA!!!! UAHHAHHAHAHH…(olhos raiados de vermelho, mãos no ar, voz alterada e uma gargalhada daquelas típicas de qualquer demónio num filme de terror).
Dito e feito!
Ou bruxa, ou psicopata ou simplesmente uma viajante experiente, foi o que aconteceu. Apanhámos cá uma onda de calor na viagem que senão ardemos, pelo menos derretemos pelos kms que caminhámos. Lembrámo-nos da senhora durante toda a viagem…
De todos os clichés turísticos típicos, apenas fiquei impressionado e ainda guardo memória do Coliseu Romano e da cúpula da Capela Du Duomo em Florença, que tem um fresco impressionante com imagens do promontório.
Mas agora regressando aos momentos inesquecíveis, aos momentos sal e pimenta dos passeios:
Sem esperarmos, passámos um dia bestial num lago enorme rodeado de montanhas a 40km a norte de Roma. Não estava planeado, mas o convite de duas amigas holandesas veio a calhar, escapar à rotina: ruínas romanas, pizzas e vinho e galerias com kms de quadros com “Madonna con Bambino” ou de Jesus crucificado.
O Tiago e o David juntos são autênticas estrelas musicais do improviso e do stand up comedy. Recordo um karaoke no Porto e um fim de tarde com fados gaúchos improvisados pelo David e acompanhados na viola pelo Tiago. Veja você mesmo este VIDEOCLIP mudo… em breve no TOP de vendas.
Numa noite ao regressar à pousada de Roma, tivemos de dar uma corrida para apanhar o último autocarro. E porque dar a volta à Praça circular de Sº Pedro, quando bastava saltar uma pequena cerca de madeira e atravessar a praça em linha recta? Ao atravessarmos esse local sagrado notámos o olhar incrédulo dos que passavam do outro lado da cerca, a pressa era muito para parar e voltar atrás. Eis que se acendem umas luzes de um carro à nossa esquerda! Luzes essas que se foram aproximando até pararem à nossa frente a bloquear a nossa desenfreada corrida. Após falar algo em italiano, lá o agente da polícia disse em inglês:
Carabinieri – Where are you going? You jump the fence? Nós – We have hurry to catch bus. We didn’t jump, it was open! Carabinieri – Do you know is against the law crossing Saint’s Peter Square? We – No!... Longo silêncio… (Segundos que parecem horas) Carabinieri – Ah! Follow car!
Os curiosos amontoavam-se fora da cerca para ver quem foram os espertinhos que desafiaram as autoridades e entraram no protegido solo do Vaticano. Alguns abanavam a cabeça, outros fizeram comentários em italiano que não entendemos. E lá fomos nós até às cercas que limitam a praça com o carro da polícia atrás de nós com os faróis ligados a “guiar-nos o caminho” e a abrir-nos as cercas…
Humilhante? Divertido? Ridículo?
Pouco importa… apanhámos o autocarro!
O melhor para o final. Comboio a chegar a Florença. Vimos uma placa a dizer “Firenze” e: “É aqui! É aqui! Saiam saiam!”
Os 3 fora do comboio e reparamos que estamos enganados. Era um estaleiro de conserto de carruagens. O comboio volta a partir para a correcta estação principal e todos os outros viajantes a olharem das janelas para nós com cara de espanto.
Agora imagine-se o que poderá ter sentido ou pensado um trabalhador com a imagem de 3 putos com as malas às costas numa linha de comboio a virem do nada com um calor de abrasante de meio da tarde… Um lá decidiu vir ter connosco e encaminhou-nos para a saída do estaleiro sem antes nos “mostrar” a todos os outros trabalhadores e gozarem um bom bocado.
Antes de chegar à pousada quase noite ainda tivemos de atravessar uma auto-estrada a correr, caminhar uns kms, sair na paragem errada do autocarro e caminhar ainda mais um bocado.
Mensagem pessoal para os companheiros desta viagem: Muito se pode fazer com fronhas e lençóis de uma pousada…
“Cuidado com os mosquitos Tiago!” – “Nah… vou deixar a janela aberta, tá calor…” Alguns anos passaram, mas são destes momentos que nunca se esquecem e que dão tema a conversas de café cheias de gargalhadas.
Apesar do Carnaval celebrar o Entrudo, que é suposto expulsar os maus espíritos do Inverno, com o tempo que tem feito ainda suspiro por dias mais quentes e secos que os que têm feito. E quanto ao mês corrente, fica aqui o provérbio:
Março Marçagão, manhã de Inverno tarde de verão
Tempo perfeito para levar muita roupa e suar no trabalho, ou levar o casaco novo, mais fresco, acabado de comprar e apanhar uma constipação ao regressar à noite a casa. Chiça! Já estou a escrever demasiado sobre o clima… voltando ao Carnaval…
Quando era criança adorava esta época, estive uns anos sem gostar, mas nos últimos anos, surpreendentemente, voltei a gostar de celebrar.
Este ano foi no bairro alto. Não houve bailarico, nem comboios ao som da música pimba, mas o ambiente do Velvet, estava fantástico. Alguns frescos do Carnaval deste ano (clickem nas fotos para ver maior):
Apresento-vos Filipe Sinatra, detective privado e cantor amador de chuveiro:
Realmente as mulheres estavam loucas pela personagem:
Agora uma foto nunca antes tentada, nunca antes vista do grupo de foliões: