terça-feira, dezembro 30, 2008

Como servir um bom Raclete?

Nesta época natalícia de grandes abusos alimentares vou promover um pouco da cozinha francesa/fusão.


Numa recente visita a Annecy, França, perto da sede da minha entidade empregadora, experimentei algo de novo, para mim, da gastronomia “show off”.

Fondue de vários tipos já conhecia, mas raclete nem por isso. Mas já cá chegou. Já vi máquinas à venda.

Com queijo próprio para o efeito, normal ou fumado, colocam-se fatias em pequenas frigideiras em máquina própria. Com o queijo derretido coloca-se sobre batatas cozidas com alguns pedaços de charcutaria e já está. Acompanha-se com salada a gosto e um bom vinho branco.

No vídeo seguinte o meu anfitrião explica em directo como fazer o belo do raclete.


Como aquando das minhas visitas, estou durante o dia em reuniões e apresentações, apenas conhecia Annecy durante a noite. Como já escrevi anteriormente neste blog:

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A convite de colega e amigo fiquei o fim de semana para conhecer a cidade. Finalmente! Neve ainda pouca, e sol, uma maravilha. Belo o mercado de rua na manhã de sábado. Visitei também muito rapidamente Megéve uma estância de ski do outro lado do lago.

Perto da fronteira com a Suíça esta cidade pitoresca tem ruelas e cantos mágicos, mas o que realmente gostei naquele dia de sol de inverno foram as vistas para o lago:


segunda-feira, dezembro 29, 2008

Nesta quadra Natalícia...

Fui aos saldos de Natal.



Poucas pessoas nas compras do 1º dia de descontos, mas parece que a crise não se sente aqui em Portugal. Apesar das notícias de dificuldades nas economias mundiais e na indústria automóvel entre outras, este ano atingiu-se novo record em Portugal do total de compras feitas para o Natal.


Será 2009 diferente?! Andaramos todos a viver na ilusão? Deixo isso prós economistas.


Gostei do Natal deste ano. Dei muito e muito recebi e não foram só presentes.


O bacalhau no 24 e o borrego de 25 foram bem acompanhados de harmonia e felicidade familiar.


Recordo especialmente uma tarde a jogar Monopólio, essa grande metáfora ao que é a economia no mundo e ao que o capitalismo simples nos pode levar. Uhhh profundo…


Inesquecível o passeio a pé que dei com o meu pai e o meu avô no dia 24. Três gerações muito diferentes em objectivos e expectativas, mas tão parecidos em tantas coisas.



Gostei de tudo neste Natal! Bem, quase tudo. Pondo a febre consumista do presente de ultima hora que põe meio planeta doido nestes dias, não gosto de 2 coisas:



1)


Tanta iniciativa ambientalista. Tanta gente a apregoar filosofias, comportamentos e modos de estar “verde” e amigos do ambiente. Chega-se ao Natal e vai de gastar milhões e desperdiçar recursos em papel de embrulho e enfeites para as árvores (Algumas ainda naturais pinheiros) para deitar fora e entupir os contentores de lixo. Ok. Agora recicla-se mais, mas polui-se mais e compram-se e oferecem-se mais prendas.


O que fiz eu de diferente?!


Embrulhei todos os meus presentes em folhas de folhetos do intermarché, worten, vobis, dica da semana, etc que me enchem a caixa do correio. Os meus presentes causam grande impacto no meio de embrulhos dourados do El corte inglês. Experimentem.



2)


Pais Natal em geral, mas PARTICULARMENTE, os horríveis pais Natal pendurados nas varandas e janelas


Que desperdício! Que ofensa visual! O próprio conceito do velhinho que anda de renas e desce pela chaminé já é ridículo, mas quem foi o génio, que achou que colocar Pai Natais mal feitos a escalar por cordas e por escadas nas janelas era bonito e enquadrado nesta quadra?!?

Como dizem os “outros”, era deitar o fogo a todos…



Esquerda - pai natal sem pernas tenta escalar escada de metal para marquise...

Direita - nesta casa de certeza que receberam imennssssoosss presentes....



Esquerda - pai natal com as mãos juntas e atadas pendurado na corda da roupa.

Direita - um cão desatento não repara no transgressor à sua esquerda


Foi mais um “Minuto Verde” por peregrino do leste.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Dilúvios onde andam eles?

Fins de semana chuvosos.

Deixa chover! Como dizem os Meireles: “haver se as couvinhas começam a medrar”.

Não temos agora chuvas prolongadas, apenas diluvios localizados. Foi assim 2 fins de semana seguidos.

No primeiro tinha planeado um piquenique com amigos na Arrábida e, devido a pancada de água, acabámos por fazê-lo em casa de um deles e passámos a tarde a jogar emuladores de jogos arcade clássicos.

No segundo fim de semana andava a passear pela baixa. Lia o jornal num sentado num banco do já restaurado mirador de São Pedro de Alcântara. A vista para rio apresentava-se com céu azul e o sol de meio dia forte, febril.

Olho para o lado oposto, para norte e vejo isto:

“Foge que vem aí marosca!”

O refugio acabou por ser no Crew Hassan, abrigo improvisado enquanto a chuvada passava. Longe estava eu de saber o que se passava naquele momento em Sete Rios, a poucos kilometros dali. Soube apenas no dia seguinte a força da queda de água e dos estragados enormes, mas localizados, causados.

Adoro as cores das fotos tiradas após forte chuvada.

Acabou-se a tarde e a noite em jantar “premium” com amigos, boa música e uma dose de Scrabble.

Onde cairá o próximo dilúvio? Quem souber que me avise para tirar de lá o carro a tempo.

Tributo aos felinos

Adoro gatos. Algumas fotos tiradas nas últimas viagens:





Estes 2 caçavam algo que estaria pousado na árvore.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Vela nas Ilhas Ciclades

Qual a origem da expressão:


“Vimos-nos gregos para cá chegar” ?!?

Se alguém souber ajude-me, apesar de já ter uma ideia. Sinceramente não foram tudo rosas na última viagem à Grécia. Arriscando ir no fim do verão e com pessoas com diferentes expectativas do que seria uma semana a navegar à vela num barco, correu tudo menos como planeado.

Se algo tem de correr mal, na Grécia acontecerá de certeza. Multa no metro de Atenas, mala perdida no aeroporto, chuva 3 dias com barco parado, com tanta dificuldade, que guardo então da experiência de navegar com amigos por ilhas áridas e semi desertas?

Antes de responder vejamos alguns números da Grécia, um país com muitos múltiplos de 10 na sua estatística:

• 10 milhões de habitantes à semelhança de Portugal.

• Apenas 10% da população vive nas mais de 1000 milhas.

• 1 ano de vida militar obrigatório.

• 10 milhões de História para contar.

Numa feira de barcos, o amigo André arranjou o contacto de uma empresa que aluga barcos para fazer cruzeiros à vela pelas ilhas gregas. Como ninguém da equipa sabe velejar temos de alugar barco com capitão incluido, o skiper.

O arquipélago central das ilhas Ciclades, o objectivo:

Em cima o mapa das ilhas visitas e o percurso que fizemos, bastante diferente do plano inicial.

As cyclades derivam da palavra grega para círculo, KYKLOS e são isso mesmo. Um circulo de ilhas áridas, secas, com casas brancas com telhados azuis empoleiradas em penhascos, com praias de todos os géneros e gostos. Vistas Maravilhosas!

No centro do círculo a miniscula e desabitada ilha de Delos que já foi a capital de uma civilização e tem das mais importantes e maiores ruinas do país.

Os habituais ventos para Sul, criam as condições ideiais para navegar à vela desde Atenas a Norte até Santorini ou ainda Creta mais a Sul. As empresas de ferries que ligam as diversam ilhas são inúmeras e aluguer de barcos à vela e iates é o que não falta.

O problema é quando o vento não sopra, e, em vez disso, cai uma chuva forte, um dilúvio fora de época e fora do normal no exacto dia em que chegamos a Atenas.

Ninguém pode sair do Porto. Demasiado longe do centro de Atenas para uma visita à chuva da capital, acabámos por ficar no barco e aguardar que o tempo melhore. No dia seguinte a chuva pára, e lá parte o barco contra o vento, com o mar demasiado agitado. Demasiado para os aspirantes a marinheiros.

O barco partiu no entanto sem mim, que optei por uma não menos dificil aventura de recuperar a minha mala que tinha ficado na escala que fizemos em Milão. Só as peripécias nos autocarros do interior e nos serviços de bagagem do aeroporto davam para um livro, mas digamos que deu para ficar mais “dentro” da cultura grega e verificar que os gregos são muito parecidos com os portugueses em tantas coisas...

Quando cheguei de ferry à primeira ilha, KEA, já tarde, encontrei uma tripulação desanimada, enjoada, arrasada com o primeiro percurso de mar bravo que venceu o estômago de todos.

A foto da tripulação:

Da esquerda para a direita:

Pavlo, André, Pedro, Katarina, Filipe e Madzia.

Uma outra com o capitão Steve concentrado na condução do barco:


A sensação de velejar é dificil de expor em palavras. O azul do mediterrâneo, os sons do barco no porto que embala enquanto se dorme. Os instrumentos de bordo, o piloto automático com GPS, as velas, os cheiros.



Javier Reverte, no seu livro “Corazón de Ulises”, sobre uma viagem que fez de barco na Grécia, escreveu o seguinte que traduzi:

“...Grécia é azul e branca, como as cores da sua bandeira. Alegra a alma com a sua potente luminosidade, o milagre da imensidão do seu céu, que se torna em escuridão tenebrosa durante as noites sem lua.

Aquela primeira parte da viagem, já em pleno mar e rumando a Nauplia, sentado na varanda do barco, sem luz nenhuma e com aquele enorme espaço à minha frente, com a sensação de transitar no nada, o tempo não existe! Nunca existe na verdade quando o mar nos engole na noite negra.
Mas mesmo assim há calma e o navio desliza com suavidade sobre as águas.

Morrer, sonhar? Perguntar-se-ia Hamlet.

Quem sabe nascer, porque viajar supõe uma forma de nascimento, mesmo que caminhando através do vazio e ausente de tempo...”




Não se navegou durante a noite. A “rotina” diária de umas férias destas é:

  1. Acordar 7 da matina.
  2. Reunião para falar da direcção, da previsão das condições meteriológicas, o vento, a direcção, a nova ilha para onde se vai.
  3. Preparar barco para partir (cordas, âncora, arrumar toda a loiça nos compartimentos para não cairem). Partida
  4. Come-se pouco, algo seco, para não enjoar.
  5. Abre-se vela, ou vai a motor. Lêem-se livros, dorme-se, apanha-se sol, ouve-se musica, conversa-se. São sempre 4 a 6 horas de distância.
  6. Chega-se entre as 14, 15h à nova ilha. Procura-se lugar na marina para atracar.
  7. Colocam-se boias protectoras, baixa-se âncora ajuda-se na manobra.
  8. Almoça-se.
  9. Visita-se a ilha. Faz-se praia. Nada-se, mergulha-se.
  10. Banhos, procurar lugar para jantar. Bebe-se,
  11. Dorme-se ou sai-se à noite.


Claro que o programa seria diferente se o barco fosse alugado sem capitão.

E novo dia, nova ilha.



O ambiente nas marinhas com tanto barco alugado acaba por ser semelhante ao de um parque de caravanas no campismo. As toalhas de praia e biquinis a secarem penduradas nos barcos. O convivio fácil com as tripulações de outros barcos.

Há convites para beber noutras embarcações, há festas e dança-se ao som dos Abba.

Como o café expresso é a 2,5€, a opção recai para os Frappé gelados muito bons.

Chegada a Citno, ilha pouco concorrida, umas 2 centenas de habitantes. A época alta já vai longe. Damos um passeio pela ilha praticamente deserta. Mergulhamos nas águas quentes duma nascente ferrosa que desagua neste “jacuzi” improvisado.



Uma calma e um silêncio em toda a ilha. Paz. Não só em terra, no mar a paz também se instala quase todos os dias. É o desespero para quem vinha com grandes expectativas de velejar com vela, sem vento, só mesmo o motor é que nos desloca.



Mais um dia, o sol brilha pela primeira vez e foi assim o resto da semana. Queremos praia e é o fazemos ao chegar a Serifo depois de um belo almoço.




Quando o calor acalma apanhamos o autocarro para o centro da capital da ilha. Por estradas sinuosas num autocarro mais que velho, serpentiamos colina acima. Avisam-nos que daí a uma hora há outro autocarro.



À excepção de alguns turistas a cidade encontra-se totalmente vazia. Branco e azul, as ruelas num sobe e desce labirentesco. Avista-se todo o azul do mar em redor. Uma ilha ao longe rompe a monotonia azul e lá em baixo ao longe na marina, os barcos continuam a chegar ao porto.



O prémio para a foto mais "Mamma Mia" que tirámos foi:


Na ilha seguinte, Paros, já se sente o movimento e o ritmo de uma grande ilha. Já na rota principal dos ferries, Paros é uma cidade totalmente virada para o turismo. Bares, comércio, restaurantes, fazem as delicias dos turistas e depois de varios dias de pequenas ilhas praticamente desertas soube bem voltar a ver animação e muita turistada até bastante tarde.





Se Paros será Albufeira, IOS a ilha seguinte é como Lagos. Num ambiente mais alternativo, os turistas jovens trabalham nos bares e discotecas da cidade e nos quiosques de praia.

A "ilha festa", mesmo em fins de Setembro ainda tem uma noite animada com dezenas de opções, pequenos bares dançantes, para todos os gostos.

A melhor praia de verdadeira areia branca foi em IOS, apesar das nuvens do fim de tarde. A superba praia de Mylopótas.




E é isto as ciclades. Quando partimos para Santorini estamos já cansados da vida de marinheiro e ansiamos trocar a cama pequena e balonçante do veleiro, por um colchão grande, duro e firme em terra firme.



Como a canção portuguesa dos loucos anos 90:

“Essa vida de marinheiro, está a dar cabo de mim, roporoporoporoporoporopori.”