sexta-feira, março 09, 2007

Quando as viagens correm "mal"

Facto:

As memórias que guardamos das viagens que fazemos são, grande parte, associadas a algo que correu mal!

Porquê?

Ter um plano para cada viagem é normal, mas este existe para ser mudado e ajustado. Ora são estas mudanças, estes erros ou desvios ao plano inicial que tornam as viagens inesquecíveis. A aldeia que não se esperava visitar, mas que acabou por ser mais interessante e impressionante que a cidade de que todos os guias falavam por exemplo. Viajar acaba por ser isso mesmo, um saltar para um desconhecido cheio de vontade e sede de aventuras.
Cito aqui uma frase do livro "The Beach" que deu origem ao filme com o mesmo nome, cliquem:

"search for experience, the quest for something different"

Todas as minhas peregrinações têm histórias destas, mas passo a descrever 2 dessas aventuras que me marcaram e que servem de exemplo.

Itália, Verão 2001.

Oh, mas que viagem cheia de surpresas. Apesar de uma viagem bem planeada, com estadia e bilhetes já tudo comprado, lá ocorreram imprevistos surpreendentes. Com o Tiago e o David, visitámos Roma, Florença, Nápoles com uma breve passagem pela ilha de Capri em 15 dias.

Enquanto programávamos a nossa viagem, uma desconhecida ao saber que íamos para Roma em Agosto, ficou chocada devido ao calor que sabia que íamos passar e o seguinte diálogo teve lugar algures no Saldanha:

Desconhecida – Vão para Roma?!?! (olhos esbugalhados, tom de voz demasiado alto)
David – Sim, vamos! 4 dias!
Desconhecida – Vão mesmo para Roma em Agosto?!?!
David, Tiago e eu – Sim. (olhando uns para os outros cor ar desconfiado)
Desconhecida – VÃO ARDER EM ROMA!!!! UAHHAHHAHAHH…(olhos raiados de vermelho, mãos no ar, voz alterada e uma gargalhada daquelas típicas de qualquer demónio num filme de terror).

Dito e feito!

Ou bruxa, ou psicopata ou simplesmente uma viajante experiente, foi o que aconteceu. Apanhámos cá uma onda de calor na viagem que senão ardemos, pelo menos derretemos pelos kms que caminhámos. Lembrámo-nos da senhora durante toda a viagem…

De todos os clichés turísticos típicos, apenas fiquei impressionado e ainda guardo memória do Coliseu Romano e da cúpula da Capela Du Duomo em Florença, que tem um fresco impressionante com imagens do promontório.

Mas agora regressando aos momentos inesquecíveis, aos momentos sal e pimenta dos passeios:

Sem esperarmos, passámos um dia bestial num lago enorme rodeado de montanhas a 40km a norte de Roma. Não estava planeado, mas o convite de duas amigas holandesas veio a calhar, escapar à rotina: ruínas romanas, pizzas e vinho e galerias com kms de quadros com “Madonna con Bambino” ou de Jesus crucificado.

O Tiago e o David juntos são autênticas estrelas musicais do improviso e do stand up comedy. Recordo um karaoke no Porto e um fim de tarde com fados gaúchos improvisados pelo David e acompanhados na viola pelo Tiago. Veja você mesmo este VIDEOCLIP mudo… em breve no TOP de vendas.



Numa noite ao regressar à pousada de Roma, tivemos de dar uma corrida para apanhar o último autocarro. E porque dar a volta à Praça circular de Sº Pedro, quando bastava saltar uma pequena cerca de madeira e atravessar a praça em linha recta? Ao atravessarmos esse local sagrado notámos o olhar incrédulo dos que passavam do outro lado da cerca, a pressa era muito para parar e voltar atrás. Eis que se acendem umas luzes de um carro à nossa esquerda! Luzes essas que se foram aproximando até pararem à nossa frente a bloquear a nossa desenfreada corrida. Após falar algo em italiano, lá o agente da polícia disse em inglês:

Carabinieri – Where are you going? You jump the fence?
Nós – We have hurry to catch bus. We didn’t jump, it was open!
Carabinieri – Do you know is against the law crossing Saint’s Peter Square?
We – No!... Longo silêncio… (Segundos que parecem horas)
Carabinieri – Ah! Follow car!

Os curiosos amontoavam-se fora da cerca para ver quem foram os espertinhos que desafiaram as autoridades e entraram no protegido solo do Vaticano. Alguns abanavam a cabeça, outros fizeram comentários em italiano que não entendemos. E lá fomos nós até às cercas que limitam a praça com o carro da polícia atrás de nós com os faróis ligados a “guiar-nos o caminho” e a abrir-nos as cercas…

Humilhante? Divertido? Ridículo?

Pouco importa… apanhámos o autocarro!


O melhor para o final. Comboio a chegar a Florença. Vimos uma placa a dizer “Firenze” e: “É aqui! É aqui! Saiam saiam!”

Os 3 fora do comboio e reparamos que estamos enganados. Era um estaleiro de conserto de carruagens. O comboio volta a partir para a correcta estação principal e todos os outros viajantes a olharem das janelas para nós com cara de espanto.

Agora imagine-se o que poderá ter sentido ou pensado um trabalhador com a imagem de 3 putos com as malas às costas numa linha de comboio a virem do nada com um calor de abrasante de meio da tarde… Um lá decidiu vir ter connosco e encaminhou-nos para a saída do estaleiro sem antes nos “mostrar” a todos os outros trabalhadores e gozarem um bom bocado.

Antes de chegar à pousada quase noite ainda tivemos de atravessar uma auto-estrada a correr, caminhar uns kms, sair na paragem errada do autocarro e caminhar ainda mais um bocado.


Mensagem pessoal para os companheiros desta viagem: Muito se pode fazer com fronhas e lençóis de uma pousada…

“Cuidado com os mosquitos Tiago!” “Nah… vou deixar a janela aberta, tá calor…”
Alguns anos passaram, mas são destes momentos que nunca se esquecem e que dão tema a conversas de café cheias de gargalhadas.

11 comentários:

Anónimo disse...

La verdad es que tienes mucha razon, que seria de un viaje sin esas situaciones de desconcierto, que son las que realmente marcan parte de los momentos más divertidos...
Muackasssssssssssssss

Anónimo disse...

(sai um comentário fresquinho)
O video com som é q era :) Um espectáculo digno do Pavilhão Atlântico. A sorte é q somos amigos e não precisamos de pagar bilhete (lol)

Filipe Roque disse...

No minimo com direito a visita aos camarins...

Mendonça disse...

Os mosquitos, os mosquitos!...
E o david a ligar a lanterna a meio da noite na camarata e a fazer a disco, com os alemães a olharem para nós :)

Filipe Roque disse...

O repelente que comprámos cheirava tão mal que repelia mais do que mosquitos... Próximo lanche/jantar levo as fotos para veres. Há outras bem melhores do que a que te ofereci na festa de anos. Não as tenho em formato digital...

Anónimo disse...

Tus aventuras me traen recuerdos.

Cuando estuve con la Erasmus en Alemania, un amigo argentino y yo dedicábamos los fines de semana a hacer turismo cogiendo sólo trenes de cercanías (salía muy barato). Una vez nos quedamos tirados, de noche, en un pueblo semidesierto, sin pasta y sin comida. Tardamos horas en encontrar un cajero que nos diera dinero. Nunca me han sabido tan bien una cerveza y un bocata como los que nos tomamos justo después, en un pub local.

Florencia... sin palabras. La recorrí con un estudiante de arte italiano, que, en cuanto me vio, se agarró a mi cintura. Fue el guía perfecto. El pobre se quedó tan triste cuando le dije que estaba cansada para ir con él hasta su casa... jajajaja..

Y para mosquitos, los monstruos alados del albergue juvenil de Valencia... Daban miedo.

Filipe Roque disse...

Afinal temos mais coisas em comum do que poderia pensar ao inicio.

Afinal também tu és uma peregrina... Pobrezinho do guia italiano... pobre rapaz... Isso não se faz. :)

Os italianos são parecidos com os mosquitos! No que toca ao flirt são os campeões da persistência. Já dizia o sábio povo: "Água mole em pedra dura, tanto dá até que fura!"

Anónimo disse...

Aquele guia não furou nada nessa noite, garanto!!! ahahahaha... (mauzinha que eu sou...)

Filipe Roque disse...

Cuidado com o verbo furar em Português! Os segundo sentidos são perigosos! :)) Algo como a diferença entre: Montarmelo cavallo, ou, montarsemelo cavallo... cuidado... :))

Anónimo disse...

Estava a brincar com o segundo sentido da palavra, evidentemente!!

Peço desculpa, as espanholas comos terríveis. Além disso, é que estive no sábado num casamento português e, mesmo sem querer, aqueles trocadinhos das músicas pimbas metem-se no cérebro, pá... ;P

Filipe Roque disse...

Isso das espanholas serem terriveis é um mito... ;) Uma lenda para fomentar o turismo... agora as andaluzas comparadas com as restantes espanholas... aí já posso adiantar algumas diferenças... Olé!