quarta-feira, maio 23, 2007

Ser pássaro durante 20 segundos

Há quanto tempo o homem admira os pássaros e sonha em um dia voar como eles?


Há muito tempo! Já o faz de várias maneiras e em diversas modalidades, mas para mim o mais parecido à sensação de voar como um pássaro deverá ser ao fazer parapente.

Mudando de assunto… despedidas de solteiro! Ora aí está um tema interessante. Homens a saírem sem mulheres (seca certa), falar de futebol e de carros (não é para mim), ir para locais de fama duvidosa com raparigas que não falam a nossa língua, com muito pouca roupa e que não podemos tocar. Vendo o evento por este prisma pessimista, é algo que qualquer um dispensa.

Agora será que muitos pensam em juntar a experiência de voar à despedida de solteiro?

Um amigo meu que se casou há pouco tempo, resolveu comemorar o grande “salto” desta vida, que é o casamento, saltando de paraquedas, mas levar mais uns amigos suficientemente loucos para partilhar a experiência.

E assim foi, num dia de céu limpo e com pouco vento num pequeno hangar em Ferreira do Alentejo, fui saltar dum pequeno avião.

A modalidade é o tandem. A foto explica melhor:



Foto retirada do site da empresa organizadora – Emoções Azuis

Sem qualquer experiência ou formação em paraquedismo pode-se viver a experiência incrível de cair em queda livre levando bem perto, literalmente colado, um profissional da modalidade.

De 3.000 metros o salto passa demasiado rápido!

Inesquecível!

20 segundos para descer 1.500 metros em queda livre a cerca de 250km/h.

10 minutos de paraquedas aberto para descer os outros 1.500 metros e tocar no chão.

O primeiro salto do dia claro coube ao noivo. Tinha de ser ele a dar o exemplo claro está que foi ele quem teve a iniciativa da despedida de solteiro radical. Foi o único salto que foi filmado na totalidade pela organização.

Todas as dúvidas e receios são tiradas com uma hora de formação dada pelo paraquedista sobre o salto, os materiais, o que devemos e não fazer, como colaborar para que lhe seja mais fácil controlar a queda e a aterragem, etc.

Um das várias medidas de segurança como exemplo: no caso de perda de consciência por parte do paraquedista, o paraquedas de segurança tem incorporado um altímetro que abre automaticamente ao atingir os 1000 metros de altura.
Até hoje não houve “erros” fatais nos saltos tandem, mas ocorrem com mais frequência entorses na aterragem.


Vertigens?

A 3000 metros não se sentem vertigens, já que o solo está tão longe, que não se tem a noção da altura. E a iniciativa do salto cabe ao paraquedista, já que é ele a dar o ultimo impulso do avião para fora. Fácil…

A subida de avião demora 30 minutos até chegar à altura do salto e é um passeio agradável. O conforto não é bem o de um Boeing comercial e o ultraleve até abana um “bocadito”, mas faz-se bem.

Medo?

Só no momento em que a porta se abriu e o ar frio entrou violentamente dentro do avião.

Pensa-se: “É agora!”

Capacete a jeito, óculos na cara, pés fora do avião…

Pergunta-me: “Estás pronto?”

Aceno afirmativamente com a cabeça…

“Diverte-te! Curte!”

E caímos os 2…

Duas voltas no ar sigo as explicações dadas em terra, joelhos dobrados e pés para trás e já estamos estabilizados de barriga para baixo.

Grito obscenidades, mas não se ouvem… estão uns metros mais acima uns milésimos de segundo atrás. A velocidade é tal que custa respirar, é indescritível.

O paraquedista faz-me o sinal no ombro de que vai abrir o paraquedas. ZÁS! Travagem brusca e desce o sangue todo para os pés. (foram 20 segundos)

O paraquedas abriu! Descemos descrevendo espirais no céu azul! Já se distingue o hangar e a pista. Os comandos do paraquedas são me entregues e experimento virar para a esquerda e para a direita, a sensação de liberdade torna cada minuto em míseros segundos.

O paraquedista lembra-se de fazer uns malabarismos! Guinadas bruscas, aumentar a velocidade da descida e diminuí-la rapidamente novamente. O sangue sobe e desce, o estômago parece querer expelir o pequeno almoço.

Aviso o paraquedista que estou a sentir-me mal e ele acalma-se.

Levantar as pernas para ajudar na aterragem! Contacto! De volta ao chão.

Estou branco como cal! Os lábios têm a mesma cor do rosto. Precisei de uns 3 minutos para voltar a recuperar o norte e lembrar-me do meu nome.

O pequeno almoço ficou no estômago…


Ficou a vontade de repetir uma segunda vez! Não é bem uma montanha russa do parque de diversões, é muito melhor! Recomendo a qualquer pessoa com boa condição física.

O meu respeito para os loucos que fazem este desporto numa base diária e que saltam de aviões, pontes, prédios altos e tudo o mais que seja ilegal… Foram todos espectaculares comigo e com o grupo, muito profissionais e sérios, mas muito divertidos!


Cada paraquedista fez à volta de 15 saltos apenas num dia... é preciso gostar mesmo!

Que personagens…

Fotos:


A entrada emocionada no hangar.



As explicações de segurança


O equipamento


Os homens do grupo


Convem ser amigo deste rapaz já que é ele que dobra os paraquedas.


Preparando e dando conselhos


Isso bem apertado


Explicando-me como devo proceder no início do salto


Este é o aspecto que tem os segundos antes do salto


Preparados para subir

Pernas esticadas preparando a aterragem

Momento em que toquei no chão

Momentos difíceis após o salto

6 comentários:

Anónimo disse...

Desde pequeña, he soñado muchas veces con volar. En parapente, paracaídas, vuelo sin motor... En un par de ocasiones estuve a punto de hacerlo, pero no cuajó la cosa. Ahora no puedo correr el riesgo ni de torcerme el pie. Tengo dos personajillos que me necesitan al 100%.
Me alegro de que tú hayas aprovechado la oportunidad. Gracias por compartirlo. He sentido el miedo antes de saltar, el viento moldeándome la cara y hasta las ganas de vomitar el desayuno... ;)

Filipe Roque disse...

Tengo un listado personal de cosas "a hacer" antes de morrir! Paracaídas estaba en ello... He desfrutado mucho, pero tocar saxofone o hacer un curso de mergullo mi suenan más sensillos... Hay que mantener el listado lo más corto posible.

Anónimo disse...

Bom, já podes também riscar o objectivo de conhecer a uma espanhola verdadeiramente terrível. Feito! ;P

BabyJust disse...

lindo primo.... que inveja, essa aventura um dia ainda tenho de fazer.... adorei a descrição...
Beijoka enorme cheia de saudades
Patrícia

Filipe Roque disse...

Priminha! Agora tens um bichinho a precisar da tua atenção a 100%, e um pé partido agora seria complicado! hehe! No entanto, assim que ele já for a coffee shops sozinho, toca a saltar! Vale a pena! Beijinhos para ti e pros teus homens!

Unknown disse...

Muito sinceramente, saltar nunca fez parte dos meus planos (amigos meus já fizeram o curso de pára-quedas com abertura automática), mas mudei literalmente de ideias, quando cheguei cá abaixo!
A viagem de avião tá lá acima até se faz bem, temos imenso tempo para apreciar a paisagem... Depois, quando se abre a porta e somos inundados por uma rajada de ar frio... ai sim, começa a verdadeira viagem! Óculos postos, o instrutor faz sinal para colocarmo-nos em cima do patim do avião (como se já não bastasse a própria experiência de saltar pela 1ª vez, saí para fora do avião, qual artista de circo, e esperei pelo momento de saltar) e lá vamos nós! A primeira sensação é de medo, depois acalmamo-nos, apreciamos a descida vertiginosa e dançamos no ar.
Claro, quando o pára-quedas se abre (o meu instrutor foi macaco, não me avisou, mas eu apercebi-me...) parece que uma mão invisível nos agarra e somos puxados para cima, pairando no ar...
Silêncio total.
Depois é disfrutar, e disfrutar, e disfrutar...
Quando chegamos cá abaixo, claro, agradecemos a todos pela experiência e que venham mais (e logo eu que nunca andei de montanha-russa!)
Agora só falta ver a filmagem do noivo.

Um abraço

PS: Sabem que aquilo lá de cima é muito parecido ao google earth?!