sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Fintando o Danúbio

Saimos de Budapeste.














Direcção norte.

Escapamos da confusão da cidade e serpenteamos pela nacional 10 sempre com o Danúbio ao lado direito.


O 2º maior rio europeu

Nasce nas florestas da Bavária na Alemanha, atravessa Áustria e Suiça, faz de fronteira entre Eslováquia e Hungria, separa Buda de Peste, passa a Croácia e a Sérvia, faz de fronteira entre a Bulgária e a Roménia e vai desaguar numa grande foz do Mar Negro. Uma odisseia de quase 3.000Km.

Neste pequeno troço que nos acompanhou durante um domingo de Carnaval, estranhamente solarengo, vai poluído e bastante calmo.

Subimos no mapa da Hungria com as correntes do rio em sentido oposto, passando por pequenas aldeias, casas em madeira, cheiro a fumados e chaminés acesas.

Pena que a paisagem seja tão desolada com a falta de verde e ausência de neve nesta altura do ano.

Chegamos ao primeiro destino.

O sol engana; está frio, -2ºC. Estamos em Visegrad vila antiga com localização privilegiada no alto de um monte na margem do rio Danúbio. Não admira que tenha uma fortificação dos tempos em que os húngaros deixaram de ser nómadas e assentaram arraias por aqui.

Tempos em que a Transilvânia era território húngaro e não romeno. Tempos em que Vlad O Empalador (famoso e conhecido pelo conde Drácula) mantinha um pequeno pedaço de terra irredutível do império Otomano. Versão mais macabra do Asterix e dos gauleses no norte de França.

O nosso Skoda Fabia alugado acusou cansaço quando chegámos ao topo da montanha, na estância de esqui fechada. Famílias passeiam ao domingo. Bebem chá ou vinho quente. O entretém de miúdos e graúdos foca-se num tubogan de “verão”, já que a neve este ano tarda a chegar.


Valeu pela vista e pela velocidade atingida nas curvas, para os amantes de velocidade não é melhor do que karting.

Quando chegamos a Esztergom já temos pôr do sol encomendado e a vista da maior basílica da Hungria sobre o rio Danúbio já com a pequena vila industrial eslovaca de Sturovo na outra margem parece apocalíptica. O fim do mundo.


Fábricas e bairros sociais é o que se vislumbra do outro lado cinzento.

Já foi território húngaro, agora é eslovaco.

O povo húngaro teve sempre a má tendência para escolher os aliados errados nas duas grandes guerras mundiais. Na primeira pertencendo à Prússia, império austro-húngaro, enquanto que na segunda aliados ao 3º Reich. Resultado:

2 guerras = mais de um terço do território perdido.

À semelhança da nossa Guimarães, Esztergom representa o “berço” da Hungria como país independente e reconhecido pelos vizinhos. Apesar de actualmente na fronteira com a Eslováquia, já foi o centro do país e foi nesta grande basílica de 130m de altura que um papa católico coroou o 1º rei cristão húngaro, deixando de ser um país dividido por tribos nómadas para um país reconhecido e de fronteiras bem definidas.

5 da tarde. Anoitece e seguimos para Szetendre (Santo André), vila pitoresca, casa de artistas e músicos. Destino de verão húngaro, Santo André tem tudo para receber o turista alemão.

A marginal ao longo do rio cheia de restaurantes com menus em várias línguas, geladarias, lojas de recordações e casas a anunciar o melhor e mais típico e mais artesanal maçapão.

Compras feitas e lembranças escolhidas, hora de seleccionar o restaurante. A escolha recai sobre o restaurante mais retro, Regimodi Vendeglo. Parece que fomos jantar a casa de alguns avós afastados e com gostos antiquados. Um silêncio absoluto no restaurante, os primeiros e únicos clientes da noite.


Que venha o menu turístico. Sopa de galinha, peito de frango com batatas a murro e a típica salada de couve branca agridoce (sóruwka que tanto gosto polaca), acaba-se com panquecas com avelã e chocolate!

Venha mais um shot de palinka??

Não que é muito forte… Antes um doce digestivo UNICUM!

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