quinta-feira, agosto 10, 2006

Viagens atribuladas

Quem não se lembra de fazer aquela viagem de comboio, pouco confortável, ou mesmo sem dormir, se pensarem bem, qual foi a vossa pior viagem?

Vem-me à cabeça vários episódios, uma viagem de Split (Croácia) a Cracóvia (Polónia) que demorou umas 30 horas, num desses Verões onde havia um concerto em Budapeste e todos os italianos se lembraram de invadir Budapeste e consequentemente os comboios também....e claro o nosso não foi excepção. Saímos ás 4 da tarde de Split, paragem ás tantas da manha em Zagreb, onde ficamos na estação (como tantas outras vezes) á espera do primeiro comboio para Budapeste (1 dia). Foram horas de desespero nesse comboio, apinhado de gente até ao tecto, era impossível andar nos corredores, como ainda não havia união europeia, em todas as fronteiras demoramos uma eternidade até que finalmente ás 11 da noite chegámos a Budapeste. (dia 2)Depois passamos a noite no comboio de Budapeste para Cracóvia. E assim chegamos a Cracóvia onde tivemos uma recepção que dava outra história ainda maior que esta.

Outra viagem que me lembro que foi particularmente má, foi uma viagem aquando dos meus estudos em Macau, na qual dei um 'pulo' ao Laos. Foi provavelmente das viagens mais longas da minha vida. Demorou nem mais nem menos 36 horas de autocarro com uma paragem de 1 hora de intervalo para mudar de autocarro e comer, e segundo os locais ainda fomos sortudos, que não tenha demorado mais tempo. Por isso quase me senti com 'sorte' de ter 'só' demorado 36 horas.

Tudo começa num hostel em Hanoi (capital do vietnam) onde tentámos negociar o preço do autocarro e ainda conseguimos ser enganados por 3 dólares:). Depois começou a saga de 25 horas até viantiem (capital do Laos, parece Vietname mas não tem nada a ver é pura coincidência de nomes). A viagem em si, foi difícil 25 horas num autocarro, onde as minhas pernas não cabiam no banco do autocarro local, porque o vietnamita médio tem 1.5 metros e pesa 60kg.....por isso foi complicado:).

Entretanto em viantiem apanhei um autocarro para Luang Prabang(uma cidade um pouquinho mais a norte do laos) de mais 11 horas durante a noite onde iríamos passar uma zona controlada por um grupo de guerrilha contra o governo no Laos. Dai que iam uns rapazitos simpáticos com ar amistosos em que traziam uma metralhadora cada um em punho. Por isso quando vi esse cenário não fiquei lá muito seguro de que estávamos num lugar simples, mas os locais sempre diziam quando eu apontava para as armas 'no problem, very safe very safe', obviamente não me tranquilizou muito, mas lá fomos.

Estas últimas 11 horas foram mais difíceis ainda que as primeiras 25 horas, porque o autocarro ia cheio e tal como no outro autocarro tinha que ir com as pernas atravessadas no corredor quase a bater no banco do vizinho do lado. Mas o mais bizarro nem sequer foi o pessoal da metralhadora, foi que tínhamos um motor no corredor do autocarro, mas 8 horas depois percebi porque que tínhamos um motor atravessado no corredor... aparentemente havia um autocarro empenado no caminho. Mas o mais caricato é que esse autocarro teve que ficar empenado (obviamente), teve que esperar que um autocarro passa-se por aquelas bandas para lhe entregar o motor....para levar á cidade, para arranjar e depois voltar....pois não me perguntem quando tempo o autocarro ficou ali parado, mas deixa-me vos dizer que por aquelas paragens não passam lá muitos autocarros. Assim que chegamos ao destino final, eu já não sentia nada e já sonhava com uma ida ao Ikea e passar o dia todo sentado em sofás e a pular em almofadas de tão confortável que foi a viagem:).

No entanto a viagem de volta do Laos para Portugal também nao foi mais simples e dava outra história cumprida, onde basicamente parti o pé algures na mountanha no Laos e em que demorei 8 dias das mountanhas do Laos até ao Hospital Sao Francisco Xavier em Lisboa:).

De qualquer das formas de muitas viagens que fiz, inclusive com o Filipe, penso que estas ultimas férias tivemos também episódios bastante engraçadas que vale a pena recordar, como uma viagens de comboio de Brasov a Constanca na Roménia onde íamos num compartimento sozinhos, num comboio apinhado de gente....razão principal apontada: cabine perto da casa de banho, o resto penso que podem adivinhar. Eu como estava constipado, o lugar não me afectou e o Filipe como é um homem de barba rija passou-lhe ao lado:).

No entanto o trajecto mais caricato da viagem neste Verão, foi a ida e a vinda para Istambul.
A ida para Istambul, começou algures na Bulgária numa terra chamada Burgas. Compramos os bilhetes para o autocarro das 23:00. Às 2 da manhã o autocarro não tinha vindo, até aqui tudo quase normal....quando o autocarro chegou entramos no autocarro meio ensonados e percebemos que não havia lugar para sentar...até aqui nada nos parecia normal... por isso para remediar a situação deram-nos uns banquinhos de plásticos e lá fomos nós 8 horas até Istambul no corredor do autocarro onde inseriram um novo conceito na industria rodoviária de 'overbooking':) (estes Turcos estão sempre a inovar).

Importante referir que tudo isto sem que ninguém da empresa rodoviária soubesse falar inglês. Engraçado também que a policia de ambos os países da fronteira ao verificar os passaportes passava literalmente por cima das pessoas deitadas ou sentadas no corredor, sem nada comentar e apenas sorrindo.

Bom tal como a ida a vinda não podia ser diferente. Claro que mudámos de empresa de autocarros e viemos num autocarro tipo nave espacial, todo novo e moderno, mas claro...tivemos uns contra tempos na entrada na Bulgária.

Uma vez que a Bulgária irá entrar na União europeia no próximo ano, o controlo na fronteira é bastante mais apartado, dai que ficamos, nada mais nada menos que 5 horas na fronteira. E claro uma vez mais o meu passaporte tinha que fazer das suas, dai que todos os passaporte foram postos no mesmo molho (incluindo o dos Turcos...atenção) e o meu e o do Filipe foram postos aparte e posteriormente o meu ficou sozinho...após o policia quase me ter destruído o passaporte com tanto mexe e remexe. Lá me perguntou se tinha outra identificação porque havia qualquer coisa de errado (que ele próprio não sabia o que era) e o pior de tudo é que o passaporte do Filipe era realmente diferente do meu.

Na capa do passaporte inicial os novos passaporte as letras estão escritas em dourado e nos antigos (como o passaporte do Filipe) estavam escritos em prateado....por isso apelo ás autoridades portuguêsas, para por favor façam passaportes piores e mais fáceis de copiar e pode ser que tenhamos casos de mais portugueses presos ou quase presos por suspeitas de passaporte roubados ou falsos. Nestas pequenas coisas mostramos ao mundo a nação que somos e o rigor com o detalhe que temos, ainda mais em algo tão pouco importante como o passaporte.


Mas enfim após esta aventura chegamos são e salvos ao nosso destino:).

Já se lembraram entretanto, de alguma aventura nos transportes realmente má?:)

2 comentários:

Anónimo disse...

Mayo de 2004. Vuelo Lisboa-Madrid. Metro para ir hasta la estación de trenes y coger uno hasta Valencia. Destino: un congreso peninsular de Arqueología Paleocristiana.

Problema: en el metro un tipo me robó el dinero que llevaba, la cartera con todos mis documentos y hasta los billetes de tren. Ahí acabó el viaje.

Suerte que mi hermano Santi vive en Madrid y tuve hotel gratis mientras tramitaba el DNI y el carnet de conducir (por cierto, que no me cobraron nada por los nuevos documentos; no se puede decir lo mismo de las autoridades portuguesas).

Ah,y la primera vez que vine a Portugal, desde Huelva, un chico del grupo, marroquí, tuvo que quedarse en la frontera; no lo dejaron pasar. Luego, el autobús se estropeó. Tuvimos que llevarlo a un mecánico, en Sesimbra. El viaje se nos hizo eterno. Pero luego llegamos a Lisboa y se nos olvidó todo.

Filipe Roque disse...

Gracias por la "re-activación" de los posts antiguos. Este ha sido escrito por mi compañero de viajes. Rumania-Bulgaria-Turquía no han sido países que me han encantado y tan poco ha sido una viaje fantástica, pero tenemos memorias muy fuertes de problemas y de situaciones raras con todos los "choques" culturales… mucha pobreza…

Me acuerdo ahora del momento en que estábamos en un autobús en Rumania y entran 4 agricultores sucios y cada uno con su instrumento (esto que la señora muerte tiene para cortar cabezas). Impresionante!