sexta-feira, setembro 29, 2006

Jardim à beira mar plantado...

Hoje não escrevo sobre viagens. O texto em baixo foi escrito por uma amiga minha que descreve exactamente o que eu senti e ainda sinto pela Polónia. Um amor sem razão, uma ilusão... Faço dos sentimentos dela, meus e assim foi o que senti quando voltei da Polónia e a dificuldade em explicar as saudades de um país que não o meu.

Ela está em Portugal desde Março do ano passado, é romena e trabalha numa empresa de tradução em Lisboa. Vai-se embora daqui a dias para o Canadá.

Fica aqui o registo de que o nosso país é fantástico e por mim transmitia este texto nos telejornais de hoje para animar os meus compatriotas, porque muitos não têm ideia da sorte que têm, do maravilhoso que é ser português.

Obrigado Anca:

# "Ó Filipe, este dia foi tão intenso, e ainda vai ser, e se não partilhar agora o que eu sinto com alguém, vou explodir.

Hoje, em Lisboa, está um dia de primavera. E fez me lembrar os dias do mês do Abril, quando também estava constipada como agora. Tinha aquele cheiro típico no nariz, aquela sensação de arder, por dentro e por fora. O sol tinha a mesma intensidade, a luz, as cores, o ventinho quente. Como a cenas de filme lembro-me deste passado recente, e sinto o que sentia há alguns meses atrás, e muito mais do que isso. E tão esquisito, parece surreal. Por vezes é como se nada tivesse sido, como se fosse Março. Mas no enquanto é tão diferente, porque já não me sinto estrangeira, sinto como se isto tudo, a cidade as parcas, a língua também fossem minhas. E é agora, neste preciso dia que eu percebo, mais do que nunca, o que eu ganhei com e em Portugal.

Perguntei-me mil vezes porque eu amo tanto Portugal, o que tem este país de especial. Se calhar não há nada a mais do que o calor e o sol do que outros. Cheguei a conclusão que deve ser como o fenómeno de se apaixonar por uma pessoa: Tem algo que nós gostamos, muitas falhas e defeitos, mas não ligamos a eles, e deixamo-nos impressionados porque queremos, porque precisamos. Podia ter sido qualquer outra pessoa. Mas é esta pessoa que lá esta, talvez simplesmente por acaso, e que nos dá aquilo que nós precisamos, nos oferece o seu calor, e torna-se nosso cúmplice. Podia ter sido qualquer país do sul, Itália, Espanha, Grécia … E como todos sabemos: o amor não tem razão nem limites.

Sim senhora, eu AMO este pais, pode não ter nada de especial, mas isto não interessa. Tenho mil e uma razoes, mas não e preciso se justificar. Amar é legítimo!

Não poder "namorar" agora custa, mas isto não é assim tão grave. O que dói mesmo, é não poder partilhar o que sinto com ninguém. Ninguém percebe este meu amor, ninguém quer saber. Os de fora pensam: “mais uma que descobriu o sol e torna-se maluca", os de dentro, os portugueses, não tem comparação, não percebem…" #

2 comentários:

Náná disse...

Que bom... saber que ainda há quem se apaixone por Portugal...
Assino por baixo. Não seria mais feliz em qualquer outro lugar do mundo. E Filipe... por mais que vás, não te apetece sempre voltar?...

Filipe Roque disse...

Sim sem dúvida. A questão é que preciso de estar fora para sentir falta. Preciso de estar longe para entender as letras do Tony Carreira, para chorar ao ouvir Ágata, enfim, emigrante...