segunda-feira, junho 12, 2006

Dia D - Os bons e os maus

Uma semana na Normandia não deu para visitar todos os museus sobre o dia D, não deu para entrar em todas as ruínas de bunkers e fotografar todos os tanques. Para um aficionado como eu em assuntos da segunda guerra mundial foi uma semana em cheio ver de perto os cenários do maior desembarque da história e talvez das decisões mais polémicas por parte dos aliados.

O que realmente interessa dizer é que quem escreve livros é quem ganha a guerra, porque quem perde, ou desaparece ou evita o assunto por ser difícil a derrota. Aliados bons, alemães maus, talvez assim fosse… era mesmo! No entanto no que toca a morrer acontece dos 2 lados e custa tanto um soldado morto americano do que um soldado morto alemão. Ao menos para mim… Vidas desperdiçadas, gerações interrompidas…

Para quem já viu o resgate do soldado Ryan, lembra-se do cemitério americano com os crucifixos brancos todos alinhados geometricamente assinalando os milhares de mortos (Omaha Beach morreram 6300 homens em hora e meia) do dia D. Eu estive lá!

O local merece respeito! Ao bom estilo americano o lugar é incrivelmente pomposo! À beira de uma falésia com vista para a fatídica praia, as cruzes alinhadas, um templo com uma estátua a lembrar um Deus grego! Venda de lembranças e claro a abarrotar de visitas. Aliás todos os guias indicam o cemitério como um ponto a não perder na descoberta da Normandia.

No entanto o peregrino, pragmático como sempre, insistiu em descobrir onde param os corpos dos alemães que morreram na libertação de França. Tarefa difícil! Se o cemitério americano está bem assinalado nas estradas e nos guias, o cemitério alemão… nada.

Depois de muitas perguntas aos locais, depois de uma hora de estradas secundárias chegámos. Lá estava ele! Apertado entre os nós de 2 autoestradas, longe de qualquer aldeia ou povoação, o cemitério alemão foi a maior surpresa de toda a viagem.

Porquê? Simples! A austeridade, frieza e rigor dos alemães tornam um cemitério num local no mínimo perturbador. A entrada era efectivamente um bunker cinzento, com uma chama na entrada e inscrições apenas em alemão. Uma enorme área de relva com um monte ao meio onde 2 anjos negros com um crucifixo ao meio vigiam os túmulos.

Incrível a existência de corvos no cemitério alemão e a ausência destes no americano. A assinalar cada morte uma chapa na relva com o nome, data da morte e a posto de comando. As fotos falam por si…

Quando o homem brinca às guerras sejam quais forem os ideais é incrível a destruição que consegue causar. Nunca gostei de números destes mas deixo aqui 2:

Durante os primeiros confrontos após o dia D, morreram cerca de 20.000 soldados aliados e morreram quase 100.000 soldados alemães…

1 comentário:

Anónimo disse...

escrevi demasiado rapido no comentario anterior - nao tinha ido até mais em baixo. Cà esta a tematica das praias do Desembarque, e com tal interesse! Muita emoçao na tua escrita! (-;
Bem traduzida a situaçao do cemiterio alemao... As pessoas dizeram-me que era giro ao ver a fotos... Ja nao se sente aquele ambiante glacial que tinha...